Governo da França diz que prisão é sem fundamento, e defesa dos turistas fala em uso de cidadãos como poder de barganha. Negociador europeu para acordo nuclear com Irã foi a Teerã esta semana. Turistas viajam de férias e não voltaram na data planejada. Os negociadores do acordo nuclear do Irã Enrique Mora, da União Europeia, e do governo iraniano, Ali Bagheri Kani, em encontro em Teerã. Defesa de turistas presos suspeitam de detenção política para obter vantagens no acordo
via Reuters
O governo do Irã anunciou nesta quinta-feira (12) que prendeu dois cidadãos europeus que visitavam o país. A França afirmou que se tratam de turistas franceses, e os advogados de defesa falam de retaliação por parte de Teerã e uso de civis como poder de barganha para obter vantagens nas negociações para o acordo nuclear com a União Europeia.
"O governo da França condena essa prisão sem fundamento. Pedimos a libertação imediata desses dois cidadãos franceses", declarou o Ministério de Relações Exteriores da França em um comunicado.
O governo iraniano alegou que o casal de franceses estava promovendo uma situação de segurança interna e de "organizar caos, desordem social e desestabilização", segundo a televisão estatal iraniana.
O governo francês alega que as acusações são "inespecíficas". Paris informou que convocou o embaixador iraniano no país para esclarecer o episódio, e que o embaixador da França no Irã também tenta a libertação do casal francês.
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O nome dos turistas não foi divulgado, mas um representante do sindicato nacional de educação da França disse suspeitar que se trata de uma funcionária do sindicato e de seu marido, que estavam de férias no Irã e não retornaram da viagem na data prevista, no início desta semana.
A prisão coincide com a visita a Teerã do coordenador das negociações do acordo nuclear entre a União Europeia e o Irã, Enrique Mora. Mora se reuniu na capital iraniana com o coordenador do programa nuclear do país, Ali Bagheri Kani.
Grupos de direitos humanos acusam o Irã de tentar extrair concessões de outros países através de prisões sem fundamento de turistas. Teerã nega.
Em janeiro, uma corte iraniana sentenciou o francês Benjamin Briere a oito anos de prisão por espionagem. O advogado de Briere afirmou que a sentença tem motivação política e que seu cliente vem sendo usado como poder de barganha.