Entre janeiro e abril, 87 pessoas relataram esse tipo de situação em seus locais de trabalho. Em todo o ano passado, foram quase 700 casos, sendo 43 de cunho sexual
Assédio moral, sexual, virtual: são diversas as formas de constrangimento que uma pessoa pode passar. O assédio pode ocorrer em público ou em ambientes privados, mas, independente da forma, traz transtornos para a vida das vítimas. E quando ele ocorre no ambiente de trabalho, a situação é ainda mais delicada.
Os relatos não são poucos. Dados da Justiça do Trabalho do Espírito Santo apontam que, entre janeiro e abril deste ano, 87 pessoas foram vítimas de algum tipo de assédio no ambiente profissional — a maioria de natureza moral.
Já no ano passado, de acordo com o Tribunal Regional do Trabalho, foram registrados 696 casos de assédio. Desse total, 43 foram de cunho sexual.
A primeira saída, de acordo com o juiz, deve ser o diálogo. No entanto, caso isso não seja o suficiente, o trabalhador deve procurar a Justiça.
"Buscar um advogado, o Ministério Público do Trabalho, o seu sindicato, colegas de trabalho, etc. Porque, muitas vezes, você ter uma relação direta com o empregador, nesse ponto, é um tanto quanto mais difícil", frisou.
"Toda vez que eu cometia um erro era: 'você é uma burra', 'não sei como você conseguiu chegar até a faculdade', 'como você chegou a passar no colégio?', 'não sabe ortografia básica'. E era sempre na frente de todos os estagiários", lembra.
O assédio moral só cessou quando Mariana começou a alertar os colegas sobre o que estava acontecendo. "Ele me demitiu, falando que eu estava contaminando a equipe. Foi a melhor coisa ele ter me demitido. Depois disso, eu nunca mais deixei que ninguém me tratasse daquele jeito", afirmou.
Os casos de assédio são comuns em escritórios, mas também acontecem fora deles. Trabalhadores de uma praça de pedágio na BR-101, na Serra, reclamam que constantemente sofrem assédios de clientes, seja de forma moral quanto sexual.
"Me xingou, me gravou, puxou meu crachá, veio atrás de mim. E, logo depois disso, ele evadiu o pedágio. Querendo ou não, bate uma tristeza muito grande, de até a gente chorar bastante".
A empresa em que Ludmila trabalha iniciou, no ano passado, uma campanha de conscientização para combater os assédios que os funcionários sofrem diariamente. O coordenador de Recursos Humanos da Eco101, Cristiano Tavares, explica que um dos objetivos é desenvolver a autopercepção de quem está praticando o assédio.
"Todo e qualquer tipo de abuso é absolutamente inaceitável, pois fere não apenas a política da empresa, mas a ética das relações. A campanha visa justamente alertar todos, colaboradores e usuários, quanto a essas práticas criminosas e também reafirma o nosso compromisso de combater o assédio na empresa, além de estar ao lado dos colaboradores prestando todo o apoio necessário", completou.
*Com informações do repórter Rodrigo Schereder, da TV Vitória/Record TV.