Outros dois irmãos dele, de quatro e oito anos, também eram agredidos, segundo a polícia. As investigações sobre eles serão realizadas pela polícia por meio da Delegacia da Criança e do Adolescente.
O pai sempre acompanhava o menino no hospital nesse oito atendimentos, segundo os prontuários médicos fornecidos à polícia e que a reportagem teve acesso. Os motivos dos atendimentos foram lesões nos braços e ombro, quebra de cotovelo e infecção no ouvido.
No dia 26 de agosto de 2021, o menino deu entrada no hospital com luxação no punho. Em 17 de janeiro deste ano, foi uma lesão no cotovelo. No dia 18 do mesmo mês, o menino voltou com inflamação na pele por causa do gesso.
No dia 30 de janeiro, outra lesão no cotovelo. Dois dias depois, em 1º de fevereiro, o menino apareceu com uma lesão no ombro. Em 3 de abril, havia sinais de infecção na orelha esquerda. No 6 de abril, o menino tinha uma lesão na cabeça que, segundo o pai, foi provocado por queda.
A última vez que a criança deu entrada no hospital foi no dia 24 de abril. Ele teve uma infecção no ouvido e ficou internado por 11 dias. Segundo uma testemunha, o pai teria agredido a criança assim que ela tinha saído de uma cirurgia, dentro do hospital.
Vinte dias depois de sair do hospital, o menino acabou morrendo.
O laudo cadavérico de Izaque concluiu que a causa da morte do menino seria traumatismo craniano.
"Quem acompanhou a necropsia, disse que foram três edemas na cabeça da criança. Um do lado direito, um do lado esquerdo e um na parte posterior do crânio", detalhou o titular da DHPP de São Mateus, delegado Isaac Gagno.
Segundo ele, as internações, somadas aos laudos dos exames, indicam que o pai e a madrasta "agiam com agressão constante, que resultou na morte da criança".
"Durante as diligências, descobrimos que as agressões ocorriam diariamente e que a criança chegou a ser internada oito vezes. Fato este que foi comprovado com o resultado do exame cadavérico", contou o titular da DHPP de São Mateus, delegado Isaac Gagno.
Após os resultados dos exames, foi solicitado um mandado de prisão preventiva, que foi expedida pelo Poder Judiciário e cumprido nesta segunda. Os suspeitos tentaram se esconder na casa da mãe da madrasta, mas foram localizados e presos.
O Conselho Tutelar informou que outras duas crianças que moravam com o casal estão sob os cuidados da Justiça.
De acordo com a Polícia Militar, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado pela madrasta depois que a criança não acordou.
O pai do menino disse aos policiais que estava que estava trabalhando quando foi avisado sobre a morte do filho e que a criança estava com vida quando ele saiu de casa.
Já a madrasta contou que, ao tentar acordar o enteado, o menino não respondeu. Ela retirou a coberta de cima dele e o viu com lábios pálidos.