Três dos cinco investigados são policiais militares. O grupo teria participado do assassinato de um jovem no bairro Itararé, em fevereiro deste ano
A Justiça determinou a prorrogação da prisão temporária dos cinco investigados de integrarem um suposto grupo de extermínio que atuaria no bairro Itararé, em Vitória. Três dos envolvidos são policiais militares.
Os suspeitos foram presos há um mês durante uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Segundo o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), eles são investigados pelo assassinato de Felipe Antônio Alves Chaves, de 18 anos. O crime aconteceu em 21 de fevereiro deste ano.
Na decisão pela prorrogação da prisão, a juíza da 1ª Vara Criminal de Vitória, Lívia Regina Savergnini Bissoli Lage, argumentou que a investigação é complexa e destacou a dificuldade na colheita de provas e o grande número de suspeitos envolvidos.
"Entendo que remanesce a necessidade da prisão dos suspeitos para que a autoridade policial possa concluir suas diligências e para preservar futura coleta de outras provas, na medida em que pendente de cumprimento as perícias técnicas nos aparelhos apreendidos com os investigados, laudo de microcomparação balística, laudo pericial de local de crime complementar, identificação e oitiva dos proprietários/possuidores dos veículos Ford KA e VW Space Foc, e a oitiva de testemunhas/informantes ainda pendentes para os esclarecimentos que se façam necessários", frisou.
As investigações do MPES apontam que os suspeitos presos teriam participado do assassinato Felipe Antônio Alves Chaves. Segundo o Ministério Público, o jovem foi morto com 15 tiros.
De acordo com o documento, a placa do carro usado no dia do crime era fria. O dono do veículo foi procurado pelos investigadores e informou que vendeu o automóvel, em setembro de 2020, para o policial Ronniery.
Com base nas investigações, o Gaeco chegou à conclusão que o piloto da moto bloqueou a rua no dia do crime. Ele estaria acompanhado de Glaydson, apontado pelo Gaeco como o possível carona no momento do homicídio de Felipe.
Em nota, a defesa de Glaydson Alvarenga Soares disse que entende que a prorrogação da prisão temporária é totalmente descabida "uma vez que não existem nos autos absolutamente nenhuma prova, concreta, da participação dele no homicídio que está sendo investigado".
O advogado Wellington Martins afirmou ainda que tomara as devidas medidas judiciais para que a liberdade de Glaydson seja restabelecida "o que diga-se de passagem nunca deveria ter sido cerceada".
"Não houve necessidade da decretação da prisão cautelar primeira, como agora ainda não existe motivo para seu alongamento. Existem muitas outras medidas cautelares diversas da prisão, suficientes para o caso em apreço, muito mais adequadas. E estão na lei processual penal. Estabelece a lei que a prisão será a última das alternativas, e assim também dizem as melhores doutrinas. Mas na prática, as garantias são desrespeitadas, sobretudo a presunção de inocência.
Para que se entenda melhor: a violação de uma garantia contra uma pessoa, é uma ameaça contra a garantia de todas as pessoas. Não podemos retroceder à época em que se prendia antes e se investigava depois, época das prisões para averiguações. A presunção de inocência é o que se impõe, em razão de inexistir sequer um processo até a presente data."
A defesa de Welquerson Cunha de Morais preferiu não se manifestar sobre a decisão da Justiça.
O Folha Vitória procurou a defesa de José Moreno Valle da Silva, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem. Não conseguimos contato com a defesa de Ronniery Vieira Peruggia. O espaço segue aberto, caso os advogados queiram se manifestar.