Doença representa hoje a segunda maior causa de afastamento do trabalho, no Brasil e no mundo; sobrecarga de atividades e cobrança excessiva de gestores podem agravar o quadro de saúde mental no mundo corporativo
Cerca de 9.500 pessoas foram afastadas do trabalho só no primeiro semestre deste ano por doenças como ansiedade e depressão. Os números, divulgados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência, trazem a necessidade de medidas para reduzir esse problema. A atendente Fabiana Vidal faz parte desta estatística. Ela trabalhava numa operadora de planos de saúde. Começou sentindo-se cansada e triste mas os sintomas só foram se agravando.
"Sentia uma dor muito grande, uma tristeza, uma angústia, uma vontade de chorar. Qualquer coisa me gerava um desconforto", relembra. O quadro de ansiedade e depressão ficou tão grave que ela chegou a ser internada. "É uma doença que não escolhe raça, classe social. Não escolhe ninguém. Ela simplesmente acontece. Quando se percebe, a pessoa pode acabar como eu: numa clínica psiquiátrica, tomando medicação, tendo que se ausentar do trabalho para se tratar", narra.
Ela está afastada do trabalho há três anos. O caso dela está longe de ser raro. Pelo contrário, é cada vez mais comum. Só no primeiro semestre deste ano, 9 mil e 500 pessoas no Espírito Santo foram afastadas do trabalho por doenças como ansiedade e depressão.
Segundo os especialistas em gestão de pessoas e recursos humanos, são vários fatores que desencadeiam depressão no mundo corporativo, mas a pressão das empresas pelo cumprimento de metas é o principal.
"A falta de uma escuta ativa por parte da liderança, por parte da família leva o indivíduo a um autoindicador de estresse. A pressão por resultado, hoje, é uma grande alavanca para uma depressão e para um estresse fortíssimo", aponta o professor em Gestão de Pessoas, Marcelo Rivani.
Esse foi o tema central desse evento da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Vitória. Os participantes debateram sobre o que os líderes devem fazer nas empresas para reduzir esse tipo de problema.
Segundo Rivani, um dos palestrantes, é preciso equilibrar a exigência de resultados, que é importante para empresa, com a necessidade de cuidar do funcionário.
A depressão no mundo corporativo é muito mais comum do que as pessoas imaginam, e, muitas vezes, apresenta sintomas que passam despercebidos no dia a dia corrido de trabalho.
Confira alguns dos sintomas de depressão no ambiente de trabalho mais comuns, que devem ser observados principalmente pelos gestores de RH e líderes de equipes.
Falta de motivação
É muito comum que a falta de motivação gere episódios de depressão no trabalho, isso porque, funcionários que não são motivados, perdem o desejo de realizar suas funções.
Queda na produtividade
Outro fator muito notado em pessoas depressivas, é a queda de produtividade. Normalmente, quando um colaborador deixa de ser produtivo, ele pode estar com problemas pessoais, financeiros, ou, simplesmente estar se adaptando a cultura organizacional da empresa.
Tristeza profunda
Procrastinação de atividades diárias
A procrastinação de atividades diárias (deixar tudo para depois) pode ser um elo entre depressão e trabalho, isso porque, é bastante comum que a desmotivação deixe as pessoas mais distraídas, e, em consequência disso, se tornem pessoas procrastinadoras.
Com informações do repórter Laércio Campos, da TV Vitória/Record