Esta quarta-feira (07) é uma data especial para a história do Brasil. O país celebra os 200 anos da Independência da Coroa Portuguesa. As terras brasileiras são ricas em diversidade da fauna, flora e de culturas antes mesmo de ser descoberta pelos desbravadores de Portugal em 1500. Em comemoração ao bicentenário da Independência, o Folha Vitória separou algumas curiosidades que marcaram a trajetória do movimento que terminou no grito de Dom Pedro I, às margens do Rio Ipiranga: "Independência ou morte".
Por falar em grito, este é um dos principais marcos da data. A cena foi registrada em 1988 pelo pintor Pedro Américo. Na obra, Dom Pedro I é retratado cercado pela guarda imperial.
Os historiadores, no entanto, afirmam que a imagem é apenas ilustrativa. O que é mostrado no quadro "Grito do Ipiranga" não retrata fielmente o que aconteceu. Um dos exemplos é a presença da guarda imperial ao lado de Dom Pedro. O grupo não existia em 1822, quando ocorreu a proclamação da Independência.
Outro ponto divergente entre a história e a pintura são os cavalos onde todos estão montados. Pesquisadores da história brasileira afirmam que, na época, os animais mais usados eram mulas.
A imagem de Dom Pedro I com espada na mão possivelmente também não aconteceu. A cena ilustrada no quadro sugere que o príncipe tenha feito um discurso quando disse "independência ou morte", mas é provável que a frase tenha sido dita de forma natural e não durante um pronunciamento oficial.
Um dos principais marcados da Independência, o grito de Dom Pedro às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo, só ficou popularmente conhecido cerca de quatro anos depois, em 1826.
Isso aconteceu após quadros em comemoração a Independência serem produzido pelos pintores da época. O principal e mais conhecido é o quadro de Pedro Américo.
Em agosto de 1822, Dom Pedro partiu do Rio de Janeiro com destino a São Paulo para resolver conflitos políticos. O príncipe e sua comitiva voltavam para casa quando receberam a notícia de que a Princesa Leopoldina, esposa do regente, assinou o decreto de independência do país.
Segundo historiadores, a comitiva precisou passar pelas margens do Rio Ipiranga por conta de uma desinteiria intestinal de Dom Pedro. Ao longo da viagem, o grupo teve que fazer várias paradas não programadas para atender as necessidades do imperador.
Leopoldina da Áustria, esposa de Dom Pedro e princesa regente durante a viagem do marido, foi quem assinou o decreto da Independência.
A princesa se reuniu com o Conselho do Estado do Rio de Janeiro e assinou o documento após receber uma intimação da Corte Portuguesa para que a família retornasse a Europa.
Apesar da comemoração ser realizada em 7 de setembro, o decreto da Independência foi assinado cinco dias antes, em 2 de setembro de 1822. Na ocasião, Dom Pedro I estava viajando.
Apesar de ter ocorrido oficialmente em setembro de 1822, o movimento que levou a Independência do Brasil começou muito antes.
Quando o pai de Dom Pedro I, Dom João VI, regia o Reino Unido de Portugual e Algares, o Brasil deixou de ser uma colônica e passou a fazer parte do reinado. Fugindo da invasão francesa, Dom João e a família veio ao Brasil e instalou a corte no Rio de Janeiro.
Após a derrota de Napoleão Bonaparte na Europa em 1815, vários protestos ocorrem em Portugal e outros países da região. Para acalmar os ânimos da popular e organizar a vida burocrática no país, Dom João VI voltou a Portugal.
Um dos pedidos dos manifestantes era para que a Corte retornasse a Portugal. Dom Pedro, então regente do Brasil, no entanto, decidiu permanecer em terras brasileiras. Influenciado por estudiosos, parte da elite e movimentos populares locais, em 9 de janeiro de 1822, Dom Pedro anunciou a sua decisão.
A data ficou conhecida como "Dia do Fico" e é considerada um primeiro indício da Independência do Brasil.
Para que Portugal reconhecesse a Independência do Brasil foi necessário que a Corte Brasileira desembolsasse 2 milhões de libras esterlinas como forma de indenização. A exigência foi cobrada em 1825.
Como o país não tinha dinheiro nos cofres públicos, foi preciso fazer um empréstimo com a Inglaterra. Esse foi o início da dívida externa do Brasil.