Após seis meses da tragédia que mudou sua vida, Larissa Morassuti, de 38 anos, sobrevivente do desabamento que matou seu pai, irmã e sobrinha, no bairro Cristóvão Colombo, em Vila Velha, está começando a reconstruir sua casa. Ela, que é doceira e faz doces personalizados, começou há duas semanas a produzir bombons caseiros para custear a obra.
Larissa conta que, logo após o desabamento, foi feita uma vaquinha, sendo arrecadado o valor de R$ 70 mil. Mas, por conta dos custos, o valor não é suficiente para construir a casa, pagar a mão de obra e comprar os móveis.
"O dinheiro dos doces personalizados é para minha despesa fixa, como aluguel. Não queria fazer uma nova vaquinha, por isso a ideia de vender os bombons para ajudar na obra. É uma forma de as pessoas também conhecerem meu trabalho. Faço bombons de coco, maracujá, Ninho, nozes e brigadeiro, por exemplo. As encomendas podem ser feitas pelo telefone 99922-1535".
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E a ideia tem dado certo. Divulgando em suas redes sociais, Larissa já vendeu mais de 3.450 bombons. "Vendo por R$ 1 e tiro R$ 0,20 de lucro, mas muitas pessoas acabam me ajudando".
Para a nova empreitada, a doceira acorda às 4h e trabalha até as 22h. O fogão e a geladeira que ela usa são do apartamento onde mora de aluguel. O triturador, que era da irmã Camila Morassuti, sobreviveu ao desabamento e hoje é uma de suas ferramentas de trabalho.
"Muitas pessoas prometeram doação e não doaram. Ainda no hospital me disseram que havia ganhado uma TV de 50 polegadas e descobri que o uber encarregado de entregar, não entregou. As vendas dos bombons vão me ajudar também a comprar os móveis".
A construção da nova casa de 80m, que terá dois pavimentos, começou há três semanas e a previsão é que em janeiro, Larissa possa entrar em seu novo lar.
"Redirecionei todas as minhas forças para a construção da casa. Acho que depois de terminar vou sentir saudade. Onde será minha sala de TV é o local em que minha irmã foi resgatada".
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Para a nova casa, Larissa já pensou como homenageará o pai, a irmã e a sobrinha. "Já pensei em um memorial de fotos, na subida da escada. Na frente do muro quero colocar uma roseira e uma placa em memória deles, para ninguém esquecer. Não quero apagar o que aconteceu".
A explosão
No dia 21 de abril deste ano, um prédio de três andares desabou após uma explosão, em Vila Velha.
Vítimas
Estavam no local Larissa Morassuti, 38 anos, que escapou com vida; a irmã dela, Camila Morassuti, de 34 anos, que não resistiu aos ferimentos e morreu no local do
desabamento; a filha de Camila, e Sabrina Morassuti, de 15 anos, que ficou 13 horas embaixo dos escombros e também morreu. O pai de Camila e Larissa, Eduardo Cardoso, de 68 anos, que morava no primeiro andar do prédio, também não resistiu aos ferimentos e morreu. O trabalho do Corpo de Bombeiros para o resgate das vítimas durou cerca de 20 horas.
Laudo
Laudo do Corpo de Bombeiros, divulgado em julho, concluiu que um vazamento de gás foi responsável pela explosão e desabamento do prédio onde a família morava.