Desde a madrugada de domingo, caminhoneiros foram às ruas sem saber exatamente por que razão e com qual objetivo. Combater a "fraude" de uma eleição em que o candidato preferido avançou 7 milhões de votos entre um turno e outro e quase dividiu a preferência do país com o vitorioso? Convocar a intervenção de militares que chancelaram o processo de votação e não parecem dispostos a repetir o passado? O vice-presidente Hamilton Mourão, general de quatro estrelas e senador eleito pelas urnas, seguiu o rito e cumprimentou seu sucessor no cargo.
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No lugar das respostas, sobraram afirmações sem lastro em grupos de WhatsApp e Telegram pró-presidente. "Bolsonaro ganhou com 65% dos votos e não há mais dúvidas de que houve fraude comandada pelo TSE", dizia uma mensagem nas últimas 48 horas, completamente fora da realidade matemática. O patamar de apoio a Bolsonaro representaria, automaticamente, uma perda inverossímil de quase 19 milhões de eleitores do petista entre uma etapa e outra da eleição.
A falta de conexão com a realidade também levou a cenas como a comemoração da suposta prisão do ministro Alexandre de Moraes, fake news difundida por mensagens, e os gritos de "foi confirmada a fraude", em outra aglomeração bolsonarista. Enquanto isso, pelo país, os bloqueios foram cessando conforme as forças policiais cumpriram o que determinou o Supremo Tribunal Federal (STF).
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Já nas redes, a aguardada manifestação do presidente Jair Bolsonaro, em que condenou manifestações que afetam o "direito de ir e vir", provocou curto-circuito: "É parte da estratégia, se falar algo contrário ele pode até ser preso", dizia um texto disseminado no Telegram, torcendo a interpretação na tentativa de manter aceso um movimento que já se dissipava.
Em vez de celebrar os 58 milhões de votos, tamanho que mantém o bolsonarismo como força política relevante, a alegada "resistência" foi turbinada por notícias falsas nas redes, e teve até atropelamento fake, como mostra um vídeo que viralizou. Com questionamentos vazios, não há respostas concretas, então restou a ironia. "Atenção, foi decretada uma nova eleição! Devido aos protestos dos bolsonaristas e aos protestos dos caminhoneiros fechando as estradas, foi decretada uma nova eleição pelo ministro Alexandre de Moraes. A data da eleição é daqui a 4 anos", debochava uma mensagem compartilhada em um grupo de debate político no WhatsApp.