Dormir não tem sido tarefa fácil para um grande número de brasileiros. Para lidar com o problema, muitas pessoas têm recorrido a um remédio controlado que trata insônia e tem virado "moda": o zolpidem.
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O aumento na procura pelo medicamento tem preocupado médicos. Apesar de ser a primeira indicação para o tratamento de insônia, especialistas alertam que seu uso não pode ser indiscriminado.
Presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono, Jessica Polese explica que o remédio só pode ser vendido com receita médica.
"O paciente não pode comprar sem receita, porém caiu no gosto dos médicos. Tem muita gente prescrevendo para insônia. Ele é indicado para isso, mas tem efeitos colaterais. O medicamento tem 10 anos de mercado, mas se consolidou de dois anos para cá, o que acreditamos ser por causa da pandemia".
A médica alerta ainda que a medicação não deve ser usada por muito tempo. "Ela deve ser tomada na cama, com a pessoa indo dormir, pelo risco de causar sonambulismo, que é um de seus efeitos colaterais".
Segundo Jessica, há relatos na internet de pessoas que, após perderem a noção da realidade por causa do efeito da medicação, chegaram a comprar pacotes de viagem.
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"Não é um remédio isento. Ele tem risco e tempo de ser usado. Se o paciente usa e não melhora, indicamos outra medicação que possa ser usada por períodos maiores, como os antidepressivos com poder sedativo".
Além do risco pelo uso não indicado, a psiquiatra Laís Fardim, especialista em Medicina do Sono, alerta para o uso abusivo do remédio.
"Embora não seja considerado tarja preta, estudos recentes têm mostrado que o uso dele, em determinados pacientes com tendência à dependência química, pode tornar esses pacientes dependentes do zolpidem. Vejo pacientes usando dois, três, cinco comprimidos para obter uma sensação de relaxamento".
Pneumologista e especialista em Medicina do Sono, Sergio Barros destaca que existem outros fármacos que, quando indicados, podem ajudar a induzir o sono, sem que cause alucinação.
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Remédio
Zolpidem é um fármaco da classe dos hipnóticos (para indução do sono) que deve ser usado por um curto período, segundo especialistas, no máximo, quatro semanas, por quem tem dificuldades para dormir ou manter o sono por tempo adequado.
O medicamento é seguro, desde que usado sob orientação.
Como atua
O remédio atua no receptor benzodiazepínicos em subunidade específica, nos neurônios. É como se o remédio "desligasse" o cérebro.
Ao dormir naturalmente, esse processo acontece devagar: aos poucos, o cérebro vai relaxando e se desconectando da realidade, até entrarmos no estado de sono. O zolpidem, porém, faz isso de uma maneira rápida e abrupta.
Receita
O Zolpidem só é vendido com receita. A preocupação, segundo especialistas, é que têm muitos médicos prescrevendo a medicação de forma indiscriminada.
Recomendação
O Medicamento é seguro quando usado por um tempo limitado e com acompanhamento.
A orientação dos especialistas é tomar o comprimido e ir direto para a cama, para evitar quadros de sonambulismo.
O cuidado deve ser ainda maior com as versões sublinguais da medicação (colocadas debaixo da língua para dissolver). Nelas, a absorção é mais rápida e o efeito de sonolência acontece em poucos minutos.
Riscos
O uso inadequado pode gerar dependência e tolerância. Há pacientes que podem ter dependência emocional ao medicamento e acharem que só vão dormir com o remédio e acabam ingerindo doses além do indicado.
Há o risco de problemas na memória, no raciocínio e na atenção.
O remédio pode causar sonambulismo.
Abordagem
A recomendação é que o zolpidem seja usado por um curto período. Se, depois desse período, o descanso noturno continua a ser insuficiente, os médicos costumam partir para outras abordagens, que envolvem medicações diferentes, mudanças de hábitos e terapias psicológicas.