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Brasileira de 103 anos viu todas as Copas e sonha com o hexa: 'Torcendo muito'

Jacyra Braga de Castro nasceu no Rio de Janeiro em 1919 - dez anos antes da realização da primeira Copa do Mundo, em 1930. Hoje, aos 103, acompanha com os netos e bisnetos pela TV os passos da Seleção no Catar

Por Regional ES

05/12/2022 às 08:20:13 - Atualizado há
Com 103 anos recém-completados, Jacyra Braga de Castro pôde ver ao longo da vida todas as realizaçõs da Copas do Mundo ?- Foto: Acervo pessoal/Reprodução

A niteroiense Jacyra Braga de Castro tinha dez anos quando a primeira Copa do Mundo foi realizada, em 1930, no Uruguai. Isso faz dela uma das poucas pessoas vivas no Brasil – e talvez no mundo – que podem dizer que acompanharam todas as 22 edições do campeonato mundial de futebol. Jacyra completou 103 anos de vida no último 30 de novembro. De presente? Espera poder ver a chegada do hexa.

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"Brasil quem é que não torce? Estou torcendo muito. Vai ganhar", diz ela a Marie Claire, em entrevista por vídeo ao lado da neta, a professora Adriana Franco, com quem mora no Rio de Janeiro. Lúcida e saudável, Jacyra segue de olho nos passos da Seleção na Copa do Mundo no Catar.

Em um rádio velho

Jacyra tem algumas memórias das primeiras edições da Copa, principalmente da reação dos brasileiros. Ela lembra que, desde o início, o evento esportivo foi recebido no Brasil com muita festa. "Era legal. As pessoas ficavam felizes na Copa. A rua ficava animada, enfeitada. Era muito bonito, e eu gosto muito de coisas bonitas", conta.

Filha de mãe descendente de indígenas e pai português, Jacyra vivia de forma humilde com os pais e as duas irmãs. Às vezes era possível se juntar com vizinhos, mas na maioria das ocasiões eles ouviam as transmissões dos jogos por um rádio simples que tinham em casa.

Ao longo dos anos, depois de ter seus cinco filhos, a Copa do Mundo passou a simbolizar um momento de união em família. No entanto, Adriana conta que nem sempre Jacyra tinha disponibilidade para participar de tradições por passar muito tempo trabalhando. Deixada pelo marido, era ela quem sustentava os filhos sozinha e era a chefe da casa.

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Ela trabalhou em uma fábrica de tecidos, mas passou a maior parte da vida atuando como faxineira, lavadeira e cozinheira. "Minha mãe diz que minha avó não teve tempo de ser aquela mãe carinhosa, mas que ela era muito guerreira. Ela passou muita necessidade", conta a neta. "Ela não tinha rádio, então pegava minha mãe e meus tios e iam para a casa de uma cunhada dela que tinha uma situação financeira um pouquinho melhor. Ela tinha um rádio velho. Então, eles se reuniam para ouvir a Copa do Mundo através deste rádio."

Foto que Adriana tirou de Jacyra no jogo do Brasil contra Sérvia durante a Copa do Catar — Foto: Acervo pessoal/Reprodução

Foto que Adriana tirou de Jacyra no jogo do Brasil contra Sérvia durante a Copa do Catar — Foto: Acervo pessoal/Reprodução

Maracanaço e uma tristeza danada

Entre os momentos marcantes do mundial vividos por Jacyra está o fatídico Maracanaço, nome que ganhou a final de 1950 quando o Brasil perdeu em casa para o Uruguai, por 2 a 1. O evento ficou marcado como um dos mais desoladores para os brasileiros em um mundial. Na época, a dimensão dessa derrota foi a mesma da vivida em 2014 com a goleada de 7 a 1 da Alemanha, também em solo brasileiro.

"Foi uma tristeza danada", diz Adriana a partir de relatos de uma sobrinha de Jacyra. "Minha avó e as irmãs dela ficaram super tristes. Foi uma Copa que marcou muito", conta.


A primeira Copa do Mundo a ser televisionada foi a da Suíça, em 1954. Mas Jacyra não a assistiu pela TV. "Em 1954 ela ainda não tinha televisão. Então, ainda pegava as crianças para ir para a casa da cunhada para escutar pelo rádio", diz Adriana. A professora acredita que a primeira Copa que Jacyra conseguiu assistir pela TV foi a de 1970, ano em que a Seleção Brasileira se tornou tricampeã.

Como todos os brasileiros, Jacyra está confiante de que o Brasil terá sua sexta vitória no Catar. Adriana conta que a avó não demora a entrar no embalo das partidas. No primeiro jogo da Seleção Brasileira contra a Sérvia, a neta tirou uma foto de Jacyra vestindo um chapéu verde e amarelo e um óculos com lentes em formato de copos de cerveja, sem esconder a felicidade.

"Ela está super animada, assiste o jogo comigo, meu marido e meus dois filhos. É um momento bem especial. A gente está torcendo para o Brasil passar para as próximas etapas e, se Deus quiser, trazer o hexa. Minha avó é pé quente, então acho que vai dar tudo certo", comemora.

Foto de Jacyra em sua festa de 103 anos, realizada em 30 de novembro de 2022 — Foto: Acervo pessoal/Reprodução

Foto de Jacyra em sua festa de 103 anos, realizada em 30 de novembro de 2022 — Foto: Acervo pessoal/Reprodução

Aniversário na Copa

Jacyra não tem doenças crônicas e nem toma remédios controlados, só algumas vitaminas. "Nem o censo do IBGE acreditou na idade dela. O aplicativo do agente pedia para confirmar se a data de nascimento dela, 30 de novembro de 1919, estava correta", conta Adriana, que é uma dos 11 netos que Jacyra tem, além de 18 bisnetos e 3 tataranetos.


A Copa do Catar marca um novo recorde no mais de um século de vida de Jacyra. É a primeira vez que ela comemora seu aniversário em meio a uma Copa do Mundo, já que é a primeira vez na história que o torneio acontece entre novembro e dezembro. Habitualmente, ele é realizado entre os meses de maio, junho e julho. "Uma festa emendou na outra."

Jacyra Braga de Castro ao lado da neta, a professora Adriana Franco, com quem mora no Rio de Janeiro — Foto: Acervo pessoal/Reprodução

Jacyra Braga de Castro ao lado da neta, a professora Adriana Franco, com quem mora no Rio de Janeiro — Foto: Acervo pessoal/Reprodução

Fonte: Revista Marie Claire
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