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'Muita revolta, dor, eu quero justiça', diz mãe de adolescente morto por PM no ES

Adolescente foi morto por policiais já rendido e teve corpo arrastado. A família conta que ele seria pai e queria lutar por um futuro aos filhos.

Por Regional ES

02/03/2023 às 13:35:15 - Atualizado há
Carlos Eduardo Rebouças Barros, de 17 anos, foi morto por um policial militar enquanto já estava rendido - Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Cleia Louza Rebouças, mãe do adolescente morto à queima roupa por um PM no Espírito Santo, relatou que o filho seria pai de gêmeos e queria mudar de vida. Carlos Eduardo Rebouças Barros, de 17 anos, já estava rendido durante uma abordagem quando foi morto.

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"Muita revolta, uma dor que eu não consigo explicar, uma dor que nunca vai sair do meu coração", relatou, emocionada, a mãe do adolescente.

Na versão dos policiais, eles apuravam uma denúncia de tráfico e perseguiam o adolescente. Após ser rendido, os policiais mataram, arrastaram o corpo a outro local e ainda fraudaram o boletim de ocorrência para omitir o homicídio. O caso só foi descoberto quando as imagens da câmera de segurança foram encontradas.

Mãe relatou que não conseguiu ver vídeo em que filho é morto por policiais — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Mãe relatou que não conseguiu ver vídeo em que filho é morto por policiais — Foto: Reprodução/TV Gazeta

À TV Gazeta, a mãe contou que o filho chegou a se envolver com o tráfico, mas após a notícia de que seria pai tentava mudar de vida. Ele pretendia, inclusive, mudar de cidade para poder recomeçar e cuidar dos filhos.

"Ele pediu, 'me dá só um dinheiro mãe, pra poder ajudar o meu irmão pra pagar o aluguel lá, pra nós dois ficar juntos, quero cuidar dos meus filhos'. Ele queira ir pra Vitória pra recomeçar, não só ela tá grávida de gêmeos como a ex dele tá gravida de cinco meses. Ele não era ruim, meu filho", explicou.

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Cleia disse que desmaiou quando ficou sabendo da notícia da morte do filho e que não conseguiu ver o vídeo em que Eduardo é morto já rendido pelo PM. A mãe disse ainda que policiais não deixaram ela entrar no hospital para onde Eduardo foi levado.

"Eu desmaiei dentro da roça, meu encarregado me trouxe. Quando cheguei na porta do hospital, eu queria entrar, eu sentia ainda que ele estava vivo, mas o policial, não sei quem é, ele apontou a arma e falou que não era pra entrar. Ele tava com um fuzil grande na mão e falou: 'leva ela pra casa'. Não deixou eu entrar pra ver o meu filho" relatou.

"Ele tinha 12 anos quando tentaram forçar ele a usar arma e vender. Eles falaram que não, que não, parece que começou a levar coronhada, que as pessoas forçavam ", disse a mãe.

A mãe lembrou que sempre criou os dois filhos, gêmeos, muito grudados, e o quanto vai ser difícil ter apenas um ao seu lado.


Cleia disse que nunca vai superar a dor de perder o filho — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Cleia disse que nunca vai superar a dor de perder o filho — Foto: Reprodução/TV Gazeta

"Eu não sei como eu vou conseguir chamar, porque eu sempre chamava 'meus filhos'. Não sei se eu vou conseguir falar 'meu filho', eu sempre falava 'meus' porque eram dois e agora só tem um. Eu falava meus homenzinhos, quando os dois eram bebês, eu falava, vocês vão crescer para ajudar a mamãe, só que não, foi diferente"

A mãe ainda revelou que foi ameaçada por policiais na mesma noite em que teve o filho morto.

"Eles fizeram muita covardia com os meus filhos, eu não aceito isso. Nunca vou aceitar. Ele falou que vai matar o outro também, eu estava trabalhando, falou pra mim, batendo na cara do outro filho, falou na minha cara que vai matar meu outro filho. Eles vieram aqui, eu tava de toalha à noite"


Fonte: G1
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