Apenas de janeiro a 25 de março deste ano, foram mais de 42 mil trotes feitos ao Ciodes no ES. Polícia alerta que esse tipo de "brincadeira" pode virar caso sério
O 1º de abril é conhecido como o Dia da Mentira. Apesar da diversão que a data até permite em certas ocasiões, existem algumas brincadeiras que não têm nada de engraçado. E essas mentiras pode virar até caso de polícia.
O Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes), da Polícia Militar do Espírito Santo, é um alvo constante de "pegadinhas" mentirosas. Para se ter ideia, a central recebe uma média de 500 trotes todos os dias.
Quer receber nossas notícias pelo WhatsApp? Clique aqui e participe do nosso grupo de notícias!
"A gente tem recebido basicamente três tipos de trotes. Um é feito por crianças, que não têm muito conhecimento, que é quase uma brincadeira sem muita implicação para o serviço. O outro tipo é com pessoas com algum tipo de deficiência mental. O terceiro diz respeito a trotes obscenos", diz coronel André Có, subsecretário de Estado de comando e controle da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).
A central é usada para a população pedir ajuda. São policiais militares, civis e rodoviários, além da Guarda de Vitória, Bombeiros e profissionais da Secretaria de Justiça e do Iases que atuam juntos e mandam o carro da polícia para os atendimentos. Mas quando as ligações ficam "ocupadas" com falsas ocorrências, muitas pessoas deixam de ser atendidas.
Clique aqui e siga o RegionalEs no instagram
"Esses trotes que não têm uma implicação tão grave no serviço tomam tempo de uma atendente do call center, por exemplo. E nesse momento que a pessoa está atendendo um trote talvez tenha alguém tentando ligar e não encontra ramal disponível. Isso é um complicador", falou o coronel.
Apesar de não ser nada engraçado, em alguns casos os trotes viram caso de polícia.
Recentemente, um jovem de 18 anos, que trabalha em um escritório de advocacia, foi indiciado por denunciação caluniosa após ter o veículo fechado no trânsito em Vitória. De acordo com a polícia, o jovem ligou para o 190, apresentou-se com um nome falso e disse que os dois homens que estavam dentro do carro que o fechou saíram do automóvel armados, cometeram um assalto e depois fugiram. "O que causa preocupação para a gente, e tem um número muito reduzido, são trotes que fazem informações falsas de crime. Isso é crime. Está escrito no Código Penal", disse o coronel.
Na ocasião, segundo o delegado titular da Polícia de Vila Velha Guilherme Eugênio Rodrigues, após o acionamento do jovem, quatro equipes policiais foram deslocadas para ir atrás do veículo com os homens que tinham realizado o suposto assalto.
Durante a operação, foi constado que o automóvel era, na verdade, um carro descaracterizado que pertencia à Guarda Municipal de Vila Velha.
Quando as equipes conseguiram localizar o veículo apontado pelo jovem e fazer a abordagem, os homens disseram, segundo a polícia, que não sabiam o que estava acontecendo e que a culpa poderia ser de um motociclista que eles tinham xingado na Segunda Ponte.
De acordo com o delegado, o jovem foi identificado por meio das ligações ao Ciodes. A polícia conseguiu comprovar a autoria do crime, concluindo o caso no dia 17 de março e encaminhando para o Ministério Público.