Hissam Hussein chegou a ser indiciado por tráfico de drogas e corrupção, foi preso em esquema de licitação fraudulentas e indicou vários parentes na Prefeitura
Ser investigado não é uma novidade na vida do prefeito de Araucária, Hissam Hussein Dehaini, agora na mira do Ministério Público do Paraná por causa de seu casamento com uma menina de 16 anos e da indicação da mãe da jovem para um cargo de secretária no município. Em seu segundo mandato à frente da cidade paranaense, ele já foi alvo da Justiça como pessoa pública e também como empresário. Na sua ficha, estão duas prisões durante a CPI do Narcotráfico, uma detenção após Operação da Polícia Federal que investigava licitações fraudulentas e outros casos de nepotismo investigados na prefeitura nos últimos anos.
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Investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico, entre o início dos anos 1990 e início dos 2000, Hussein foi indiciado por envolvimento com tráfico de drogas, furto e desmanche de veículos, concussão, extorsão, corrupção ativa e passiva. Na época, era apontado como empresário do ramo de hotéis e agência de carros. Em uma das chácaras de sua propriedade, Hussein teria uma pista de pouso para helicópteros e um laboratório para o refinamento de cocaína, o que foi negado por ele com a justificativa de que operava uma empresa de transporte aéreo.
Em março de 2000, foi preso por 60 dias pela Polícia Federal, a pedido da CPI nacional. Voltou a ser detido sete meses depois, em outubro de 2000, na fase paranaense da Comissão, denunciado por tráfico de drogas, proteção a traficantes e pagamentos a policiais. Permaneceu detido na Prisão Provisória do Ahú, em Curitiba, mas foi solto 104 dias depois, já em janeiro de 2001.
Em depoimento à época, de acordo com o inquérito final da investigação, o homem declarou que acumulou patrimônio equivalente a R$ 5 milhões em pouco mais de dez anos, com atividades de hotelaria, revenda de combustíveis e transporte. O brasileiro de origem libanesa também prestou serviço para o governo estadual e algumas empresas públicas, entre elas a Petrobras.
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Cinco anos mais tarde, Hussein foi preso na Operação Metástase, em outubro de 2007, acusado de participar de um esquema de fraude de licitações públicas no estado de Roraima. A empresa Icaraí Taxi Aéreo supostamente vencia contratos de maneira fraudulenta e também recebia valores acima do devido. O indiciamento do inquérito, além da fraude de licitação, incluiu lavagem de dinheiro, descaminho, corrupção ativa, formação de quadrilha, sonegação fiscal, crime contra a ordem econômica e quebra de sigilo telefônico.
A principal fraude, segundo a investigação, era a licitação de helicópteros para a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Entre os presos por essa operação, realizado em parceria entre as Justiças de Roraima e Paraná, estava um de seus filhos, Rihad Hussein Dehaini.
A indicação de parente para cargo de primeiro escalão no município não é novidade. Eleito prefeito pela primeira vez em 2016 — perdeu o pleito em 2012 —, indicou cinco familiares para cargos de secretários em seu primeiro mandato, incluindo duas filhas. Ryam Hissam Dehaini é a atual secretária de Gestão de Pessoas, enquanto Yasmin Hissam Dehaini é a secretária de Administração.
Uma de suas ex-esposas, Cristiane Inez Martins Dehaini foi nomeada Secretária Municipal de Assistência Social, mas já deixou o cargo. O então cunhado, José Roberto Martins, já esteve na pasta do Trabalho e Emprego, e Eduardo Rodriguez Mello, genro, na de Administração.