Caso fique comprovado o crime de injúria racial do parlamentar do PL, ele poderá perder o mandato de senador, além de sofrer as penalidades de reclusão e multa
O senador pelo Espírito Santo, Fabiano Contarato (PT), apresentará um pedido de abertura de inquérito por injúria racial contra o senador Magno Malta (PL-ES) junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), em razão das declarações feitas pelo parlamentar no Senado Federal, nesta terça-feira (23), ao comentar o recente episódio de ataque racista envolvendo o jogador brasileiro de futebol Vinicius Junior. Veja manifestação:
Durante seu comentário, Malta perguntou "onde estariam os defensores da causa animal que não defendem o macaco?", fazendo uma comparação notoriamente utilizada em falas de cunho racista.
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Além disso, Malta apontou a cobertura da imprensa profissional de ter feito um recorte inadequado de sua fala.
Conforme estabelecido pela Lei de Racismo (Lei nº 7.716/89, art. 20), aqueles que praticarem, induzirem ou incitarem a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional podem ser punidos com reclusão de um a três anos, além de multa.
Mesmo que se considere que a intenção do parlamentar era ofender especificamente o atleta e não a comunidade negra em geral, tal conduta ainda poderia configurar o crime de injúria racial, que, de acordo com a recente Lei n° 14.532 de 2023, é equiparada ao racismo e punida com reclusão de dois a cinco anos, além de multa.
Contarato solicitará a abertura de um inquérito policial e, caso fique comprovado o crime do parlamentar do PL, ele poderá perder o mandato de senador, além de sofrer as penalidades de reclusão e multa.
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"Como pai de duas crianças negras, não posso ignorar o que testemunhei, mesmo que essa fosse a opção mais fácil. O Judiciário precisa demonstrar seu compromisso no combate ao racismo, punindo com maior rigor aqueles que, amparados pelo poder de seus cargos públicos, sentem-se à vontade para discriminar impunemente o povo negro em plena luz do dia", afirmou o líder do PT no Senado.
Procurado pela reportagem do Folha Vitória, Magno Malta disse que alguns veículos de comunicação fizeram um recorte inadequado da fala dele. Em nota enviada à redação, ele afirma:
"Em primeiro lugar, gostaria de ressaltar que sou negro e, portanto, minha fala não foi racista. Meu objetivo era chamar a atenção para uma questão séria. Acharam meu discurso estranho? Essa é minha reflexão sobre o racismo. É inadmissível, no século XXI, termos uma história tão ilógica como o racismo. Não deveríamos categorizar as pessoas por raça, mas sim enxergá-las como seres humanos, reconhecendo suas características e habilidades no mundo.
Num mundo em constante evolução, é fundamental reconhecer que o racismo ainda é uma questão real e relevante em nossas sociedades, o que é lamentável. Apesar dos avanços significativos que fizemos em relação à igualdade e à justiça, parece que o racismo é uma narrativa desconexa e ultrapassada. É uma triste metáfora para aqueles que são extraordinários, mas sofrem devido à cor da pele ou origem étnica."