A coluna noticiou na semana passada que o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), está com os dois pés na candidatura à reeleição. Embora, estrategicamente, não admita agora que irá concorrer, Arnaldinho tem dado sinais e se movimentado como candidato.
Um exemplo disso é a aproximação do prefeito com diversas legendas, para alinhar apoio agora e para o ano que vem. Ele abriu espaço na gestão para o PSB, selando de vez a aliança com o partido do governador e a entrada do governo em sua gestão.
Na última sexta-feira (11), o Solidariedade também decidiu que vai caminhar com o prefeito. "Em Vila Velha vamos de Arnaldinho", disse o presidente estadual do SD, Douglas Pinheiro, que trouxe ao Estado o secretário-geral da sigla, Luiz Adriano, para chancelar sua decisão.
Porém, não é só Arnaldinho que está se mexendo. Pelo menos outros três atores políticos de Vila Velha – um vereador e dois ex-prefeitos –, também cogitam lançar o nome na pista e desafiar a cadeira de Arnaldinho.
O ex-prefeito Max Filho, que por enquanto ainda está no PSDB, também tem sinalizado que quer voltar a ocupar a cadeira de prefeito. Em entrevista à coluna em março deste ano ele disse que poderia deixar o ninho tucano – onde está filiado desde 2012 – e se candidatar novamente para um quarto mandato de prefeito.
Na semana passada, a coluna registrou que a crise no ninho tucano se aprofundou, que Max corria o sério risco de perder o comando do PSDB de Vila Velha na eleição do diretório e que isso acarretaria em acelerar o processo de saída de Max da sigla.
Embora o ex-prefeito tenha acusado o diretório estadual de interferência na eleição dos diretórios, e o partido de ter perdido o rumo no Estado, o que está por trás da confusão no ninho com tucanos de alta plumagem se bicando, é a eleição do ano que vem. Max percebeu que o PSDB caminha para apoiar Arnaldinho e não deve lhe dar legenda para a disputa.
Sem espaço no PSDB, a única alternativa para Max, caso queira colocar o nome na urna eletrônica no ano que vem, é procurar um novo abrigo, o que também não é tarefa fácil. Ele chegou a ter conversas com o Solidariedade, mas a negociação não foi pra frente.
Nos bastidores, Max teria ido "por cima", ou seja, direto na direção nacional do partido, para não só se filiar e ter a legenda para a disputa, como assumir o comando do SD no Estado, o que teria revoltado os militantes locais.
A consequência teria sido a decisão do SD em apoiar Arnaldinho. Max não confirmou essa versão da história, mas pela decisão do SD estadual, com o aval de um representante nacional, dificilmente o ex-prefeito conseguirá abrigo no Solidariedade.
O ex-prefeito já fez parte do MDB, PMN, PTB e PDT, antes de se filiar ao ninho. E caso deixe o PSDB, deve levar seu grupo político junto.
O ex-prefeito Neucimar Fraga (PP) também cogita disputar a Prefeitura de Vila Velha.
No próximo dia 26, ele vai assumir o diretório municipal do PP canela-verde e já está formando a chapa de vereadores que irá disputar pelo PP.
"A prioridade do partido é ter candidatura na Grande Vitória. Meu nome está cotado para ser candidato a prefeito pelo PP em Vila Velha, meu nome está à disposição do partido", disse Neucimar à coluna.
Na entrevista que deu à coluna na semana passada, Arnaldinho disse que teria conversado com Neucimar e que ele teria dito que, se não fosse candidato, "estaria aberto ao diálogo pra continuar o projeto na cidade que está dando certo", dando a entender que o apoiaria, segundo o prefeito.
Mas, parece que não é bem assim que o ex-prefeito tenha já batido o martelo a apoiá-lo. Neucimar disse que não há veto a Arnaldinho, mas que a prioridade, fora da candidatura própria, é uma aliança é com o PL.
"Não vetamos conversar com ninguém, a não ser com o PT. Onde o PT estiver na aliança, não entraremos. Com o PL estamos conversando em alguns municípios e vou conversar com meu grupo", disse o ex-prefeito, embora nacionalmente o seu partido esteja negociando entrar no governo Lula.
Uma aliança com o PL em alguns municípios fortaleceria uma eventual candidatura de Neucimar, mas algumas lideranças do Partido Liberal têm outros planos.
Se depender do vereador de 1º mandato Devacir Rabello, o PL terá candidato a prefeito de Vila Velha também. Ele tem colocado o nome na mesa do partido, que tem diálogo aberto com Neucimar e está com conversa agendada com o prefeito Arnaldinho.
"Se Bolsonaro e o PL me derem essa missão, serei candidato, sim. De acordo com o nosso presidente estadual, o senador Magno Malta, o PL vai ser "cabeça ou pescoço" nos 78 municípios do Estado. Aqui em Vila Velha não será diferente, pois estamos falando do município mais bolsonarista do Estado", disse Devacir.
O vereador disputou uma vaga à Câmara Federal no ano passado e justifica seu interesse em disputar a prefeitura agora pela votação que teve nas urnas, mesmo não conseguindo ser eleito.
"Eu obtive 22.359 votos, sendo aproximadamente 17 mil apenas em Vila Velha. Fui o 2º mais votado no município, deixando para trás Max Filho, Neucimar Fraga, Rafael Favatto, Amaro Neto, Lauriete, Majeski, Coronel Ramalho e Coronel Wagner. Apenas o candidato do prefeito ficou acima".
Diferentemente de como ocorreu com o deputado estadual Capitão Assumção (PL) – que já anunciou que é candidato a prefeito de Vitória pelo PL –, em Vila Velha, a decisão do partido não deve ser tomada por agora.
"No nosso caso, o PL tem que fazer uma análise mais profunda. Pois não podemos também perder nossa cadeira na Câmara. Desta forma, os dirigentes partidários preferem esperar um pouco. Para não queimar etapas e tomar a decisão de forma mais assertiva", disse Devacir.
Sobre apoios, caso não seja candidato, Devacir frisou: "O partido decidirá. Uma coisa é certa: Nós não vamos nos alinhar com candidatos de esquerda. Em breve o PL nacional divulgará uma lista dos partidos que nós não vamos compor de forma alguma", disse o vereador.