Colegiado busca fortalecimento das políticas públicas da área e tem como uma das bandeiras a prioridade para o tratamento em liberdade
Com foco na melhoria dos serviços públicos de saúde mental e no aumento dos recursos para essa área, a Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental e da Luta Antimanicomial foi lançada nesta segunda-feira (25) na Assembleia Legislativa. O colegiado é dirigido pela deputada Camila Valadão (Psol).
Fotos do lançamento da frente
Profissionais da área, usuários do sistema e familiares falaram sobre a realidade de atendimento no Espírito Santo e a necessidade de ampliar e fortalecer os serviços já existentes, sobretudo, aqueles que são oferecidos nos municípios.
"Nós precisamos trabalhar para que a rede de saúde mental seja fortalecida e sustentada. Primeiro, a questão do aumento dos recursos públicos, porque é uma área subfinanciada. Depois, a própria luta pelo tratamento em liberdade. Essa é uma pauta antiga no país", disse a assistente social Niceia Malheiros, membro da Associação Brasileira de Saúde Mental. Ela ainda acrescentou que a política de saúde mental vai ao encontro do conceito de saúde do SUS, buscando a descentralização, a universalização e a participação social.
Referência técnica de saúde mental, álcool e outras drogas do Estado, a assistente social Betsaida Moulin falou sobre os desafios do Estado na área, como o acolhimento do sujeito no momento em que ele precisa, a garantia de financiamento e a qualificação dos trabalhadores, o que inclui também as estratégias para lidar com a saúde mental e a alta rotatividade dos funcionários.
"Política de saúde mental é uma construção coletiva. A rede de cuidados no Espírito Santo está dentro da proposta da reforma psiquiátrica, que defende fazer o cuidado em liberdade. É uma área muito desafiante porque precisamos não apenas de equipamentos, mas de uma equipe em capacitação permanente", disse Moulin.
A especialista também destacou as diretrizes da rede de atendimento, entre elas, a garantia de atenção e cuidados no SUS, o atendimento no território de moradia, política de redução de danos, além da priorização do cuidado em liberdade.
Usuários e familiares
A reunião também contou com a presença de pacientes e familiares que utilizam a rede. De forma geral, eles falaram sobre a necessidade de ampliar e reforçar os serviços multidisciplinares que são oferecidos nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), responsáveis pelo atendimento multidisciplinar de pessoas com problemas psiquiátricos, visando à recuperação da saúde mental e à integração do paciente à família e à comunidade.
De acordo com os dados apresentados na reunião, o Estados possui 43 Caps, sendo 33 habilitados no Ministério da Saúde e, por isso, aptos a receberem recursos federais para financiamento.
"A luta da saúde mental é contínua. Nós precisamos fortalecer muito as bases, aqueles serviços que são oferecidos nos municípios. Uma base forte vai ajudar toda a rede", opinou o usuário do Caps II Beija-flor, em Vila Velha, Daildo Magalhães.