Júnior Andrade está com a esposa em uma caravana religiosa da Igreja da Lagoinha e conta a tensão que o grupo vive para tentar embarcar em avião e voltar para casa
Integrante de uma caravana religiosa organizada pela Igreja da Lagoinha, composta por 103 brasileiros em viagem para Israel, o capixaba Júnior Andrade, que é pastor, vive a expectativa de voltar para o Brasil, em meio à tensão provocada pelos ataques do grupo Hamas no país. "É um clima de pavor", relata.
Por telefone, Júnior conversou com a reportagem do jornal online Folha Vitória. No momento da entrevista, ele conta que estava em uma enorme fila, no Aeroporto de Tel Aviv, aguardando o embarque em um avião comercial para retornar ao Brasil.
Segundo ele, o voo, marcado para as 23h pelo horário local (17h de Brasília), já estava programado desde o início da viagem. Trata-se de um voo da empresa Fly Emirates, de Dubai, nos Emirados Árabes.
"O clima aqui é de muita tensão e apreensão. As pessoas não sabem se vão conseguir embarcar em seus voos. Estamos em uma caravana com 103 brasileiros, mas tem outras caravanas aqui também. Nós cremos que vamos conseguir embarcar hoje, já que os voos dessa companhia têm ocorrido normalmente. Mas se não der, temos esse plano B engatilhado para amanhã (quarta-feira)", disse.
Júnior conta que o grupo chegou em Israel no último dia 2. Inicialmente, a caravana esteve na parte norte do país, na região da Galileia, onde passou alguns dias.
"Estávamos saindo sempre muito cedo para as programações da viagem, mas, graças a Deus, nesse dia deixamos para sair um pouco mais tarde. E, enquanto tomávamos café da manhã no hotel, tivemos as primeiras informações sobre o ataque. Fomos orientados a usar apenas um lado do restaurante e não ficar perto da janela, sob o risco de acontecer algum ataque. Até que chegou um grupo de judeus gritando que estavam sendo atacados. Daí fomos nos abrigar em um local mais seguro", relatou.
O capixaba conta que o grupo foi orientado pelo governo de Israel a permanecer no hotel e que, todas as vezes em que ouvissem o soar de sirenes, que se abrigassem nas escadarias, para maior segurança.
"Teve uma vez que nos reunimos no auditório do hotel, para orarmos, e ouvimos dois estrondos muito fortes. Ficamos sabendo que dois mísseis haviam sido interceptados pelo governo israelense bem próximo de onde estávamos".
"A maior parte dos mísseis acaba sendo interceptada pelo serviço de inteligência de Israel. Mas, nas cidades próximas, terroristas armados estavam atirando em quem encontrassem pela frente. Ontem (segunda-feira) chegamos a achar que o hotel estava sendo invadido por esses terroristas, porque tinham algumas pessoas gritando apavoradas".
Nascido em Vitória, Júnior mora há oito anos no Estado do Rio de Janeiro, onde atua como diretor comercial de uma empresa de varejo, na cidade de Teresópolis.
No entanto, segundo ele, nada se compara ao terrorismo. "É um clima de pavor, totalmente diferente de qualquer coisa que já presenciamos".
Frequentador da Igreja Lagoinha de Teresópolis, onde atua como pastor auxiliar, Júnior viajou a Israel acompanhado da esposa e dos sogros. É a primeira vez que eles vão para a Terra Santa.
Apesar de toda a tensão vivida justamente no momento em que conseguem viajar para o país, o capixaba afirma que tem sido uma experiência única vivenciar a história tão de perto.
"Vivemos um sentimento paradoxal. Ao mesmo tempo em que é frustrante o fato de não termos conhecido a parte histórica de Jerusalém, como o Muro das Lamentações e o Santo Sepulcro, estamos presenciando um fato histórico. Muitos judeus aqui dizem que uma experiência como essa nunca foi vivida desde o holocausto, de tantas mortes de civis. A gente sabe que há muitos conflitos em Israel, mas geralmente entre exércitos. Dessa vez, há um grupo armado que está matando quem vê pela frente. Mas temos fé de que um dia a situação será pacificada e não faltarão oportunidades para voltarmos. Inclusive, já projetamos voltar no ano que vem".