Segundo o Itamaraty, a maior parte dos brasileiros identificados em Gaza está alojada em uma escola e são mulheres e crianças
O governo brasileiro enviou, na tarde da última quinta-feira, 12, um avião VC-2 (Embraer), da Presidência da República, para o resgate de cerca de 20 pessoas que estão sitiadas na Faixa de Gaza. A aeronave partiu em direção a Roma, onde vai aguardar a autorização para buscar os brasileiros no Egito.
O avião tem capacidade para 40 passageiros e partiu por volta de 16h30. A previsão é que ele chegue em Roma, na Itália, por volta das 6h (hora local). Segundo o Itamaraty, a aeronave foi acionada de emergência enquanto a diplomacia negocia uma janela para a retirada dos brasileiros de Gaza.
Cerca de 20 brasileiros demonstraram o interesse de deixar a Faixa de Gaza, após o início do conflito entre o Hamas e Israel. O exército israelense fez um cerco ao território e cortou o fornecimento de combustível e energia elétrica.
A embaixada brasileira em Tel Aviv solicitou formalmente ao governo de Israel que o local não seja alvo de bombardeios. Enquanto isso, a diplomacia negocia com o Egito a retirada deles por terra, por uma passagem pela cidade de Rafah.
O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, falou ao telefone com o chanceler egípcio Sameh Shoukry nesta quarta-feira, 11, e pediu autorização para que os brasileiros façam o trânsito pelo país.
De lá, eles seriam conduzidos até o aeroporto, que fica a cerca de 50 quilômetros da fronteira, e embarcados para o Brasil. O primeiro sinal foi positivo e agora o governo trabalha para viabilizar a retirada.
Nesta quinta-feira, 12, pela manhã, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, conversou com a assessora de segurança nacional do Egito, Faisa Aboul Naga.
Um dos obstáculos para a passagem dos brasileiros é que a cidade de Rafah foi alvo de bombardeios nos últimos dias, e o governo egípcio afirma que não há condições físicas - as estradas estão danificadas - e em segurança para o trânsito de civis na região.
Nesta quinta, o chanceler egípcio, Shoukry, fez um pronunciamento em que afirmou que a fronteira do país com Gaza está aberta para questões humanitárias e fez um apelo a Israel para evitar bombardeios na região.
O Itamaraty informou que já contratou veículos para o transporte dos brasileiros até a fronteira egípcia e aguarda apenas a autorização do país.
A retirada de civis sitiados em Gaza pela fronteira com o Egito é um dos assuntos que o Brasil vai levar para a reunião do Conselho de Segurança da ONU, convocada para esta sexta-feira, 13, em Nova York. Os países vão discutir a viabilidade de se criar um corredor seguro para o deslocamento de civis.
Neste momento, a saída de pessoas de Gaza pelo lado israelense está completamente bloqueada, o que restringe o acesso ao lado egípcio.
Para viabilizar o corredor humanitário pesam, no entanto, questões geopolíticas, como a tentativa do Egito de se manter distante do conflito entre Israel e o Hamas.
A diplomacia brasileira tem sustentado que a prioridade neste momento é salvar vidas de civis e evitar uma escalada ainda maior da guerra.