Filha de pai brasileiro e mãe israelense, Carolina Bochner estuda em Israel desde os 15 anos e estava na ativa como soldado quando começou a guerra contra o grupo terrorista Hamas.
A brasileira Carolina Bochner, de 19 anos, nasceu no Ceará e foi morar em Israel aos 15 anos para estudar. Vivendo perto da família materna, que é judia, Carol é soldado do exército israelense e não tem pretensão de voltar ao Brasil. A jovem é atiradora de elite e estava em uma base militar na Faixa de Gaza quando o território teve os primeiros ataques.
Quem conta os detalhes é o empresário cearense Alessandro Castro, de 50 anos. Ele é o pai de Carolina, a quem chama sempre de Carol, e relata que a filha começou o treinamento quando cumpriu o serviço militar. No país, o alistamento é obrigatório também para mulheres a partir dos 18 anos.
A cearense tem outras duas irmãs que moram em Israel, mas não são filhas de Alessandro. Uma delas é capitã no exército, outra já cumpriu o serviço obrigatório e não seguiu carreira militar.
De acordo com o pai, Carolina está perto de completar 20 anos e quis continuar no serviço militar. Ela iniciou a graduação em tecnologia da informação pouco antes da guerra atual entre Israel e o grupo Hamas.
"Ela não se alistou para ajudar, ela já estava no exército. Ela estava na fronteira (da Faixa) de Gaza. A base dela foi a mais atacada no primeiro ataque. Lá tinha muita mulher, morreram nove amigas dela. Eu não sei como ela escapou, foi sorte. Mas ela é sniper. É atiradora de elite e foi treinada para isso", detalha Alessandro em entrevista ao g1.
Filha de pai brasileiro e mãe israelense, Carol Bochner mora em Israel desde os 15 anos. — Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução
Ex-companheira de Alessandro, Isabel repassa as mensagens de que a filha se mostra bastante segura e determinada em defender o país. "Ela foi escolher ajudar, ela foi escolher estar na frente", partilha a mãe de Carolina em mensagem de áudio.
"Ela é corajosa, é destemida. A gente aqui escuta um tiroteio e corre pra dentro de casa. Lá é guerra, bomba caindo, sirene tocando, e eles como se não tivesse acontecendo nada. Ela bate foto com um fuzil maior do mundo, cheia de bomba no peito, fardada e fazendo biquinho, dando beijo? Já pensou? Nem eu tenho essa coragem, não vou mentir", partilha o empresário.
O pai conta que a filha sempre pede para que ele fique tranquilo. Nas últimas semanas, ele relata ter recebido ligações do serviço de inteligência israelense, que, com a ajuda de um tradutor para o português, também busca tranquilizar e manter um contato com os pais para novas informações.
A brasileira Carol Bochner em visita ao Mar Morto em maio de 2022 — Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução
"A gente sabe do risco altíssimo que ela tá correndo. Mas se todo mundo fosse pensar assim, ninguém teria filho policial, filho bombeiro? Tem que ter gente para salvar a gente, né? Eu fico angustiado, principalmente depois de 48 horas sem falar com ela. A gente fica com medo de receber ligação de fora falando alguma coisa ruim. Você fica numa tensão, só sabe quem está passando", conta Alessandro.