O Transtorno Afetivo Bipolar atinge cerca de 2 milhões de brasileiros e não tem cura. O diagnóstico, apesar de difícil, pode melhorar consideravelmente a vida do paciente.
O cantor sertanejo Lucas Lucco, de 32 anos, anunciou nas redes sociais que se afastará da carreira para focar na saúde mental e no tratamento de Transtorno Afetivo Bipolar (TAB). A síndrome, que afeta cerca de 8 milhões de brasileiros, é mais comum do que se pensa e atrapalha várias esferas da vida dos afetados.
O TAB é uma condição associada à interação entre fatores biológicos, neuroquímicos e ambientais. Também está relacionada a transmissão hereditária. De acordo com dados da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata), os sintomas geralmente se manifestam entre os 18 e 25 anos.
O g1 conversou com a psicóloga Débora Carvalho para saber mais das dificuldades enfrentadas por pacientes que têm esse diagnóstico.
Débora explica que existem tipos de transtornos dentro do TAB: o tipo I, o tipo II e o ciclotímico.
"No tipo I, o transtorno é caracterizado por episódios alternados de mania e depressão. Durante a mania, o paciente tem mais energia, euforia, acha que tem mais condições físicas, financeiras e emocionais do que realmente tem. Essa crise se alterna com episódios de depressão, de melancolia. Existem também momentos de eutímia, que são os momentos de emoções ditas 'normais'", disse a psicóloga.
Durante episódios de mania, Débora disse que se bebe mais do que se pode, se compra mais do que se pode e os pacientes tendem a acreditar que podem mais, em diversos parâmetros da vida, tudo devido ao momento eufórico e à impulsividade.
No tipo II da doença, os episódios de depressão se alternam com episódios de hipomania, uma espécie de mania "menos destacada". Ainda assim, o problema afeta a vida cotidiana do paciente, como a primeira classificação da doença.
"A partir dessas percepções de alteração desses aspectos, o paciente percebe que está entrando em algum episódio de é possível prevenir as recaídas através do tratamento com psiquiatra e psicólogo", explica Débora.
O diagnóstico é feito em conjunto entre psiquiatra e psicólogo.
"O diagnóstico é importantíssimo, feito de acordo com a observação desses dois profissionais com os critérios que existem para o diagnóstico, olhando todo o histórico de vida da pessoa, observando o que gera os episódios, por exemplo.", conta Débora.
Não há cura, mas se fala em "remissão", ou seja, quando o paciente consegue ter tanto conhecimento de si que previne as recaídas de crises, com a ajuda do processo terapêutico e o uso de medicação.
Débora explica que como todo diagnóstico, o de TAB carrega estereótipos distorcidos.
"As pessoas confundem muito, acham que a bipolaridade é uma flutuação de humor com um período curto entre um episódio e outro, mas são semanas, meses."
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza atendimento para pessoas em sofrimento psíquico por meio dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
Serviços de saúde de caráter aberto e comunitário, constituído por equipe multiprofissional e que atua sobre a ótica interdisciplinar, podem ser encontrados.