Catiuscia Machado foi encontrada morta no exterior e família lutava para trazer o corpo para o Brasil. O namorado dela foi preso, apontado como suspeito do crime
O corpo da professora Catiuscia Machado, de 43 anos, que tinha família no Espírito Santo e morreu na Austrália em novembro, foi sepultado na tarde da última quarta-feira (27), em sua cidade natal, Canoas, no Rio Grande do Sul, um mês após ter sido encontrada sem vida.
Catiuscia se mudou para Austrália com o namorado, apontado como principal suspeito da morte da professora, em março deste ano. Ele ainda está detido em uma prisão australiana.
O velório teve início às 14h e o sepultamento ocorreu por volta de 17h45, de acordo com a mãe da professora, Eliaide Machado. As cerimônias ocorreram no Cemitério São Vicente, em Canoas.
Segundo Eliaide, o sepultamento foi restrito aos familiares e amigos da professora e poucas pessoas compareceram. Ainda de acordo com ela, o marido e pai de Catiuscia não conseguiu participar do velório, pois ainda se encontra muito abalado pela perda da filha.
"Foi um velório bem reservado para a família e os amigos. O meu esposo não teve condições de participar, porque está muito abalado. Aí fui eu, meus dois filhos e a minha nora, uns amigos bem próximos, porque os meus parentes são de Manaus e os dele de São Paulo. Mas como ela nasceu e se criou aqui em Canoas, ela era muito conhecida, aí foram as amigas dela, o pessoal da igreja, nós fizemos um culto com louvor e oração", contou.
De acordo com ela, conseguir sepultar a filha foi uma vitória da família, que precisou contar com a ajuda de amigos e de autoridades australianas para trazer o corpo de Catiuscia de volta ao Brasil.
Os familiares chegaram a realizar uma vaquinha online para arcar com os custos do transporte da professora de volta ao país.
"Mais uma vitória superada em nossa vida, porque a vinda desse corpo para nós estava sendo um obstáculo muito grande. Mas graças a Deus tivemos muito apoio, uma comunidade lá da Austrália nos ajudou muito, a embaixada deu todo o apoio que nós estávamos precisando no momento. E só agradecer a todos que ajudaram direto ou indiretamente, a minha nora é advogada, nos deu um apoio muito grande".
"Missão cumprida com a minha filha, agora ela está descansando aqui no Cemitério São Vicente, aqui em Canoas, onde eu já tenho um filho. Trinta e cinco anos atrás, eu também perdi um filho aqui, ela está junto lá com o irmão dela, descansando. Eu creio que agora nós vamos ter um pouco de paz, de sossego e tocar a nossa vida conforme Deus está nos sustentando até agora".
Segundo Eliaide, por conta do tempo entre a morte e a chegada do corpo no Brasil, o caixão de Catiuscia precisou ser lacrado. O irmão mais velho da professora teve a oportunidade de fazer o reconhecimento.
De acordo com Eliaide, a família está bem e segue amparada pelos amigo próximos de Catiuscia.
Em uma última homenagem realizada à professora, torcedora do Grêmio, ela foi enterrada com uma camisa do tricolor gaúcho.
"Nós fizemos uma homenagem para ela com essa camisa do Grêmio, que ela era gremista, doente, ela adorava esse time dela. Sempre que podia, ela ia nos estádios assistir ao jogo do Grêmio, era uma torcedora fanática pelo time dela, pelo Grêmio. Nós fizemos uma homenagem para ela com essa camisa do Grêmio."
O casal partiu junto para a Austrália em em 9 de março, e desde então, mãe e filha mantiveram contato e segundo Eliaide, Catiuscia nunca relatou que vivia um relacionamento abusivo ou que estava infeliz.
A filha havia alugado um apartamento em um condomínio e mandava fotos e filmagens para a mãe corriqueiramente, e sempre dizia que estava bem, e tudo estava correndo como esperado.
Catiuscia informou à mãe que Diogo tinha conseguido um visto para os Estados Unidos, mas que ela não o acompanharia na mudança para a América do Norte e que pretendia voltar ao Brasil.
De acordo com a mãe da professora, Catiuscia fazia um curso na Austrália, além de dar aulas de português para crianças com deficiência. Assim que o curso fosse concluído, ela retornaria para a casa dos pais.
"Eu tenho quase certeza que ele ouviu ela falando sobre isso, não gostou e isso teria motivado as brigas, porque ela não queria mais ir com ele, ela queria voltar pro Brasil".
Ao ver a ligação, a mãe de Catiuscia diz já saber sobre o que se tratava, uma vez que a filha não dava notícias já há um dia. A última vez que conversou com ela, foi por troca de mensagens, em que a professora afirmava estar no aeroporto, ao caminho da Tailândia, com Diogo. Esta viagem nunca foi realizada.
Quando atendeu o telefone, o investigador tentou falar com ela em inglês, mas como não domina o idioma, uma intérprete foi chamada para passar as informações.
"Ela me perguntou se era mãe da Catiuscia e morava no Brasil, quando confirmei, ela disse que infelizmente a Catiuscia tinha sido encontrada morta na banheira. Eu pedi detalhes e ela disse que só o investigador poderia dar detalhes, ela só estava autorizada a me informar".
A princípio, o filho não queria contar para mãe que Catiuscia possivelmente teria sido assassinada, relatou para ela que a professora tinha caído na banheira, mas depois revelou que a polícia trabalha com a hipótese de que ela teria sido golpeada com um soco.
O corpo da professora foi encontrado coberto por gelo na banheira e, ela teria morrido imediatamente, após bater com a cabeça no assoalho do banheiro.
Vizinhos do casal que ouviram toda a comoção no apartamento da professora, chamaram a polícia e Diogo foi preso em flagrante no local e conduzido à Delegacia de Burwood.
Segundo ela, as autoridades australianas pediram um prazo para continuar a investigação e encontrar a causa da morte de Catiuscia.
"Eles pediram mais um prazo para continuar a investigação, para saber a causa morte dela que continua como causa desconhecida. O que eu estou sabendo é que dia 23 de janeiro ele será julgado. Até dia 23 de janeiro ele continua lá trancado, preso, ele está incomunicável. Aí dia 23 eles vão entrar em contato com o meu filho para dar uma resposta, saber como é que vai ficar a situação dele. É só isso que nós estamos sabendo".