Projeto em fazenda é o primeiro a receber a certificação de carne carbono neutro da Embrapa. Criadores de gado em MS usam novas estratégias para proteger o meio ambiente
Criadores de gado em Mato Grosso do Sul usam novas estratégias para proteger o meio ambiente
São árvores a perder de vista. A área faz parte da fazenda localizada em Santa Rita do Pardo, Mato Grosso do Sul. Lá é feita a integração da floresta com a pecuária, uma estratégia sustentável com produção de carne e madeira no mesmo espaço.
“Nós temos três vezes mais árvores necessárias para o volume nosso de rebanho. Hoje nós precisaríamos de 250 árvores por hectare, e nós temos 619. Então produzimos um animal ambientalmente correto com três vezes mais condições de resgate à natureza”, diz José Zacarin, consultor da fazenda.
As árvores absorvem o gás carbônico emitido pelo gado. A fazenda é a primeira e única do Brasil a receber a certificação de carne carbono neutro, um protocolo desenvolvido pela Embrapa que tem como objetivo neutralizar os gases que contribuem com o efeito estufa.
“É possível que o balanço desse sistema seja mais favorável, ou seja, tem mais carbono entrando no sistema, sendo fixado do que sendo emitido pelo próprio sistema, tanto pelo animal, quanto pelo solo. Então, esse balanço acaba ficando mais favorável para os sistemas produtivos, sendo um dos caminhos para a sustentabilidade”, explica Roberto Giolo, pesquisador da Embrapa.
Além de contribuir com o meio ambiente, o sistema pecuária-floresta proporciona a formação de áreas de sombreamento nas pastagens, e isso traz bem-estar aos animais. Dessa maneira, foi possível aumentar a produtividade na fazenda e oferecer uma carne sustentável no mercado.
Outra alternativa para uma pecuária mais sustentável está na alimentação do gado. Em um confinamento em Rio Brilhante, 30 mil animais fazem parte de um projeto inédito no Brasil: um aditivo incluído na ração do gado é capaz de reduzir a emissão de gás metano, liberado pela boca e pelas narinas dos animais.
“A gente tem que ter um bovino eficiente. Se a gente produzir o mesmo peso de animal, a mesma quantidade com menos emissões, a gente vai ter feito alguma coisa de bom, e eu acho que o que a gente está vendo aqui é isso”, afirma Fábio Dias, diretor de relacionamento da JBS.
O Brasil é um dos cinco países que mais emitem metano, gás que contribui para o aquecimento atmosférico. Por isso, tecnologias que trazem mais sustentabilidade ao campo são tão importantes.
“Nós temos tecnologia, o produtor está adotando e a perspectiva é que adote em uma escala ainda maior”, diz Roberto Giolo.