Mundo superiate

Iate de magnata russo desaparece quando navegava a caminho das Bahamas

Embarcação está vinculada ao bilionário Leonid Mikhelson, a 45ª pessoa mais rica do mundo; oligarca é diretor executivo da Novatek, a maior fornecedora não estatal de gás natural da Rússia

Por Regional ES

14/05/2022 às 06:24:14 - Atualizado há
Megaiate Pacífico desapareceu quando ia para Bahamas — Foto: Reprodução/YouTube

Um superiate de US$ 150 milhões vinculado a Leonid Mikhelson, o segundo cidadão mais rico da Rússia cuja empresa de gás é alvo de sanções dos EUA, parou de transmitir sua localização quando estava a caminho das Bahamas - país conhecido por cooperar com outras nações para apreender navios.

Chamado de Pacífico, o iate tem 85 metros de comprimento, espaço suficiente para dois helicópteros, e foi detectado pela última vez cruzando a quase toda velocidade no Mar do Caribe antes de "sumir" pouco depois das 21h, horário local, em 8 de maio, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Se as Bahamas forem seu verdadeiro destino, o iate não encontrará um porto seguro lá - as autoridades da nação insular trabalharam em estreita colaboração com os EUA para apreender embarcações comerciais. Enquanto a guerra da Rússia na Ucrânia se arrasta em meio a alegações de atrocidades, os EUA e outros governos ao redor do mundo buscam sanções para punir aqueles mais próximos do presidente Vladimir Putin. Itália, Espanha e outros governos europeus apreenderam imóveis, contas bancárias e mais de uma dúzia de iates pertencentes aos cidadãos mais ricos da Rússia.

— É inconcebível que os oligarcas russos considerem as Bahamas uma jurisdição segura devido aos seus laços estreitos com os Estados Unidos - não apenas em termos de localização, mas em termos de cooperação policial — disse Ian Ralby, executivo-chefe da IR Consilium, um consultoria em direito marítimo e segurança.

— É muito intrigante que um navio que provavelmente sofrerá aplicação de sanções arrisque aparecer nas Bahamas, mas é mais provável que apareça em algum outro lugar próximo que seja mais amigável aos interesses russos, como Cuba ou Venezuela — acrescentou Ralby.

Percurso feito pelo iate antes de desaparecer no Caribe — Foto: Reprodução
Percurso feito pelo iate antes de desaparecer no Caribe — Foto: Reprodução

Dois dos navios da Genting Hong Kong Ltd. Crystal Cruises foram apreendidos em Freeport nas Bahamas em fevereiro, em uma ação por contas de combustível não pagas, depois que um juiz dos EUA emitiu um mandado de prisão para os navios.

O iate Pacífico estava ancorado em vários portos e baías da Costa Rica desde o final de janeiro. Partiu da marina de Papagayo, perto da Baía de Culebra, em 5 de maio e seguiu para sudeste, passando pelo Canal do Panamá, segundo dados da Bloomberg. O superiate foi visto pela última vez cruzando a 15,8 nós no Mar do Caribe, a nordeste de Colón, e indicou Nassau nas Bahamas como seu destino antes que seu transponder de localização fosse desligado. Ele parou de transmitir sua localização desde 8 de maio, em violação ao direito marítimo internacional.

Mikhelson, a 45ª pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna de quase US$ 26 bilhões, foi sancionada pelo Reino Unido e Canadá no início de abril. Ele é diretor executivo da Novatek, a maior fornecedora não estatal de gás natural da Rússia. A empresa está atualmente na lista de sanções dos EUA, embora o próprio Mikhelson não enfrente sanções dos EUA. O bilionário possui cerca de um quarto da empresa de capital aberto, que produz cerca de 10% do gás do país.

Leonid Mikhelson é a 45ª pessoa mais rica do mundo — Foto: Bloomberg
Leonid Mikhelson é a 45ª pessoa mais rica do mundo — Foto: Bloomberg

Representantes de Mikhelson na Novatek não puderam ser contatados imediatamente para comentar.

Não está claro se a Novatek tem quaisquer interesses ou ativos vinculados ao iate do Pacífico. Ainda assim, "todo oligarca deve estar ciente de que está sob intenso escrutínio", disse Ralby.

Com a ajuda das autoridades de Fiji, os EUA no início deste mês apreenderam o navio Amadea, de US$ 325 milhões, que os EUA alegam pertencer ao bilionário Suleiman Kerimov. Na época, a vice-procuradora-geral dos EUA, Lisa Monaco, disse que a apreensão "deveria dizer a todos os oligarcas russos corruptos que eles não podem se esconder – nem mesmo na parte mais remota do mundo".

As apreensões enviaram embarcações de luxo através dos oceanos para locais que não são tão propensos a impor ou aplicar sanções. Trabalhando com a Spire Global Inc. , uma empresa de análise que usa nanossatélites para coletar dados, a Bloomberg News tem rastreado os megaiates conectados a magnatas russos em listas de sanções.

A embarcação Pacífico foi construída em 2010 pelo construtor de iates de luxo Luerssen, de acordo com dados do navio compilados pela Bloomberg. O navio, que conta com elevador, piscina e lancha menor, tem capacidade para 12 convidados e 28 tripulantes.

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