Moscou cogita trocar Viktor Medvedchuk, aliado mais próximo de Vladimir Putin na Ucrânia, por membros do Batalhão Azov capturados em Mariupol. Oligarca Viktor Medvedchuk é em foto do Gabinete do Presidente da Ucrânia, de 12 de abril de 2022
A Rússia vai analisar a possibilidade de trocar combatentes do Batalhão Azov feitos prisioneiros em Mariupol pelo milionário e político pró-Moscou Viktor Medvedchuk, aliado mais próximo de Vladimir Putin na Ucrânia.
"Vamos estudar a questão", disse neste sábado (21) Leonid Slutsky, membro sênior da delegação russa nas negociações com Kiev.
Em uma conferência de imprensa na cidade separatista de Donetsk, no sudeste da Ucrânia, Slutsky adiantou que a possibilidade da troca será tratada em Moscou por "aqueles que têm as prerrogativas".
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Medvedchuk, de 67 anos, escapou da prisão domiciliar após a invasão russa da Ucrânia, mas foi preso novamente em meados de abril, acusado de traição e peculato. Entre os crimes, está tentativa de roubo de recursos naturais na Crimeia, península ucraniana anexada ilegalmente pela Rússia em 2014.
Viktor Medvedchuk em imagem divulgada no dia 12 de abril de 2022
Reprodução/Forças armadas da Ucrânia
Na sexta-feira, o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Choigu, anunciou a completa rendição da resistência ucraniana na usina siderúrgica da Azovstal, em Mariupol, após os últimos 531 combatentes que estavam no local se entregaram.
A fábrica de Azovstal era o último bastião da resistência ucraniana em Mariupol, cidade portuária sitiada por tropas russas desde os primeiros dias da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Segundo o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, entre os últimos soldados a se renderem estavam os comandantes do Batalhão Azov, regimento nacionalista que foi integrado ao exército da Ucrânia e que o Kremin classifica como "neonazista".
Usina de Azovstal é bombardeada antes da rendição dos ucranianos
Não há detalhes claros sobre o destino dos combatentes ucranianos que estavam na usina siderúrgica. Anteriormente, uma parte dos soldados de Azovstal havia sido levada para o território russo, enquanto outros para áreas controladas pelas milícias pró-russas que comandam a província de Donetsk.
Desde 16 de maio, um total de 2.439 soldados ucranianos depuseram suas armas, disse a Rússia na sexta-feira, grande parte deles integrantes do Batalhão Azov.
Troca pode se complicar
Na próxima quinta-feira, o Supremo Tribunal russo deve analisar um pedido para classificar o Batalhão Azov como uma "organização terrorista", o que poderá complicar a troca de prisioneiros.
O líder dos separatistas de Donetsk, Denis Puchilin, disse neste sábado que os combatentes ucranianos que defenderam a fábrica Azovstal e se renderam deveriam ser julgados.
"Acredito que um caso legal é inevitável: a justiça deve prevalecer", afirmou Pushilin, de acordo com a agência de notícias Ria Novosti.
O Batalhão Azov surgiu em 2014 como uma milícia de extrema direita criada para combater grupos separatistas no leste da Ucrânia. Os membros do regimento, porém, negam que possuam tendências nazistas ou fascistas. A Ucrânia diz que o batalhão foi remodelado e incorporado à Guarda Nacional do país.