Mundo amputação

A cada hora, ao menos 3 brasileiros sofrem amputação de pernas ou pés

Levantamento da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) mostra que, entre 2012 e 2021, mais de 245 mil brasileiros tiveram membros inferiores

Por Regional ES

23/06/2022 às 13:07:59 - Atualizado há
A cada hora, ao menos 3 brasileiros sofrem amputação de pernas ou pés (Foto: Vidal Balielo Jr/Pexels)

Um levantamento inédito produzido pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) aponta que, a cada hora, pelo menos 3 pessoas sofreram amputação de pernas ou pés no Brasil entre 2012 e 2021. A pesquisa foi divulgada pela entidade nesta quinta-feira (23).

Mais de 245 mil brasileiros tiveram os membros inferiores amputados no período avaliado, segundo a SBACV. O estudo, que contou com dados do Ministério da Saúde, sugere uma alta no número de amputações e desarticulações de pés e pernas, em especial durante a pandemia de Covid-19.

Em 2020, quando a crise epidemiológica se instalou no Brasil, a média diária de amputação dos membros inferiores era de 75,64. Em 2021, o número subiu para 79,19 cirurgias por dia. Acredita-se que o aumento estar relacionado à descontinuidade no acompanhamento de pacientes com doenças crônicas, como o diabetes.

Entre 2020 e 2021, 56.513 brasileiros foram submetidos ao processo de amputação ou desarticulação. Isso significa que a média mensal de procedimentos foi de 2,3 mil em plena crise sanitária — o que corresponde a uma média de 77,4 cirurgias por dia.

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Os profissionais da SBACV veem a questão como um alerta para as consequências da suspensão de tratamentos clínicos na pandemia, com perspectiva de que o aumento das amputações continue em 2022. Dados preliminares de janeiro até março deste ano mostram uma média mensal que já ultrapassa a observada em 2021, com pelo menos 82 pessoas amputadas por dia.

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O acúmulo de procedimentos até março de 2022 tem maior expressão nas regiões Sudeste e Nordeste, sendo a primeira responsável por mais de 42% de todas as cirurgias realizadas no Brasil, com um total superior a 103,5 mil pessoas amputadas. Já o Nordeste somou mais de 80,1 mil procedimentos de amputação ou desmobilização de membros inferiores. Na sequência, vem a região Sul, com 35,2 mil registros; o Centro-Oeste, com 13,5 mil; e o Norte, com 13,4 mil.

Segundo os especialistas da SBACV, as cirurgias dos membros inferiores podem estar relacionadas a fatores de risco como tabagismo, hipertensão arterial, dislipidemia (níveis elevados de lipídios no sangue), idade avançada, insuficiência renal crônica, estados de hipercoagubilidade e histórico familiar.

No entanto, mais da metade dos casos de amputações envolvem pessoas com diabetes. Em comunicado, Mateus Borges, diretor de Publicações da entidade, explica que pessoas com a doença que desenvolvem úlceras e evoluem para quadros infecciosos demandam longos períodos de internação ou até mesmo reinternações, o que pode gerar afastamento do trabalho, aposentadoria precoce, queda na autoestima, depressão, etc.

"No mundo, uma em cada cinco pessoas não sabe que é portador dessa doença. A pandemia nos revelou isso. Muitos pacientes que chegam ao consultório ou aos serviços de urgência com complicações do diabetes só descobrem que a têm após o atendimento", problematiza o médico.


Fonte: O Globo
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