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Video | Sentimos o calor e decidimos fugir, dizem brasileiros que perderam casa em incêndio no Havaí

Por Regional ES

11/08/2023 às 09:13:29 - Atualizado há
Incêndio em ilha no Havaí ?- Foto: Reprodução

A notícia de que um furacão iria atingir a ilha havaiana de Maui não provocou grandes emoções entre os moradores da região, acostumados com fenômenos do tipo. No entanto, quando os estragos causados pela ventania aumentaram, o casal de surfistas brasileiros Pedro Robalinho, de 47 anos, e Rafaela Bentes, de 37, cogitou abandonar a própria casa. Nesta terça-feira, os dois já sabiam que havia focos de incêndio na área, embora a ameaça parecesse distante. Foi só quando viram a fumaça se aproximar e sentiram o calor do fogo que decidiram ir embora.

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— Sempre que tem situações de emergência por aqui, costumamos ouvir alarmes e instruções na mídia, mas desta vez não teve isso — disse Rafaela ao GLOBO. — Nossa decisão de sair ocorreu quando os ventos começaram a apertar um pouco mais. Vimos uma fumaça preta muito grande, e meu marido sentiu o calor. Falei para minhas filhas, de 12 e 9 anos, fazerem uma mochila com as coisas delas, e eu já tinha uma pasta com nossos documentos separada. Então, decidimos sair.

De acordo com Rafaela, só deu tempo de pegar os itens mais próximos, como um computador e algumas roupas espalhadas. Para trás ficaram, além da casa, dois carros, cerca de 50 pranchas usadas para dar aulas e todo o material da empresa que eles construíram desde 2016, quando saíram do Rio de Janeiro para morar na cidade de Lahaina. Apesar disso, a decisão de fugir do local veio no tempo certo: segundo ela, a família foi embora 15 minutos antes de precisar dirigir em meio ao fogo, como ocorreu com outros moradores da ilha.

Assista o video: Família de brasileiros perde casa em incêndio no Havaí e relata fuga

— Para dirigir estava complicado, o vento estava forte. É uma sensação difícil. Não queríamos ficar desesperados, mas também não queríamos dar mole. Tentamos fazer a coisa certa o tempo inteiro — afirmou. — Minha filha mais nova ficou bem apreensiva. Ela conseguiu ver a fumaça, então chorava e sentia medo. Já a mais velha estava com o nosso gato no colo, e ela é um pouco mais madura, mas vi que ficou nervosa, com os olhinhos bem esbugalhados, mas tentando cuidar da irmã. Elas sentiram medo daquilo chegar perto da gente, e estava chegando.

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Naquele momento, ela contou também ter sentido "muito medo", mas disse ter tentado "se colocar no lugar de mãe". Enquanto o marido dirigia, foi para o banco de trás do carro e abraçou as crianças. A ideia de que a fumaça poderia atingi-los fez com que o tempo parado no trânsito parecesse ainda maior, e o instrutor de surfe cogitou entrar na contramão. Rafaela, porém, pediu que ele não fizesse isso. Para ela, iria piorar as coisas, já que estava "todo mundo esperando", e "havia carros de bombeiros e da polícia indo na direção contrária", ressaltou.


Incêndio deixou 53 mortos

Nesta quinta-feira, o presidente americano Joe Biden declarou estado de catástrofe no Havaí, onde os incêndios florestais causaram a morte de ao menos 53 pessoas. Intensificadas pelos fortes ventos causados pelo furacão, as queimadas ainda destruíram empresas na cidade histórica de Lahaina. Em comunicado, o governo do condado de Maui anunciou que está "trabalhando incansavelmente para garantir a saúde e a segurança das pessoas afetadas". Segundo o PowerOutage, que mapeia a falta de eletricidade, quase 11 mil pessoas ainda estão sem energia na região.

Além disso, mais de 130 membros da Guarda Nacional do Havaí foram ativados, e helicópteros têm procurado por aqueles que ficaram para trás. De acordo com o Serviço Meteorológico Nacional, na quarta-feira, alguns moradores chegaram a se jogar no oceano para escapar das chamas, e mesmo a linha de emergência (911) ficou fora do ar, o que tornou impossível relatar possíveis incidentes. Já os turistas foram evacuados de hotéis nas redondezas, disse Rafaela.

— Eu não sei se eles vão realocar residentes nos hotéis. Não sei o que vão fazer, se vão dar algum tipo de ajuda. Os próprios abrigos não têm estrutura. São galpões, ginásios — disse. — Tenho uma amiga que está em um desses locais que abriram para quem não conseguiu ir para a casa de amigos. Ela me disse que está muito cheio. Acho que vai ser um grande problema. Quando a poeira assentar, a gente vai ver a dimensão do que aconteceu. Vai ter muita gente desamparada.


— Quando saímos de casa, meu marido cogitou voltar para pegar uma prancha, mas depois desistiu. Como trabalhamos com isso, acho que ele tem sentido muito. É muito trabalho para construir a nossa empresa aqui. Ela é pequena, mas era bem sucedida. No momento em que nos afastamos um pouco [do local], comecei a chorar. Uma descarga mesmo. Estou falando e fico até arrepiada, porque foi muito tenso.


Apesar da situação, ela destacou que a família não pensa em voltar para o Brasil, e que eles desejam poder recomeçar a vida na ilha, local em que Rafaela classifica como "a sua casa no mundo". Afirmou, também, que espera poder ajudar na reconstrução da região, atuando como voluntária.

Fonte: O Globo
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