Oficialmente a campanha para as eleições municipais só começa no ano que vem. Nos bastidores, porém, ela já começou na Serra, o maior colégio eleitoral do Estado e também o mais turbulento, imprevisível e bruto. Por lá, o clima eleitoral anda fervoroso e até tomou o lugar do clima natalino.
Isso porque os principais cotados para a disputa à Prefeitura da Serra no ano que vem estão se movimentando, se articulando e brigando. Aliás, brigando muito. O que já serve como um termômetro para o mercado político do que 2024 reserva.
Se a relação entre o prefeito Sergio Vidigal (PDT) e o deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos) nunca foi boa, agora piorou de vez. A guerra entre os dois foi declarada depois que Muribeca, acompanhado de três vereadores da oposição, fez denúncias gravíssimas de que vagas de emprego no Sine (Sistema Nacional de Emprego) estariam sendo direcionadas para apadrinhados políticos da gestão Vidigal.
Muribeca foi in loco fazer a denúncia, bem naquele estilo que adotou quando ainda era vereador: filmando, encurralando, gritando criando toda uma produção, com direito a nome de operação e tudo, numa ação que serve pouco para elucidar se houve mesmo uma irregularidade ou crime, mas que serve muito para abocanhar votos, principalmente num nicho de eleitores que tende a tratar a política como espetáculo e entretenimento.
A denúncia poderia ser feita diretamente aos órgãos competentes responsáveis por investigar ou mesmo da tribuna da Assembleia se o intuito fosse torná-la pública? Sim. Mas aí não estaríamos falando da Serra e nem dos principais players da próxima eleição.
O caso foi parar na Polícia Civil, mas não ficou só por lá. O passo seguinte foi Vidigal denunciar o deputado e os vereadores por danos morais, abuso de poder e perturbação do serviço público ao Ministério Público Estadual. Além de também protocolar denúncia por quebra de decoro na Ales e na Câmara da Serra. Sobrou até para os policiais militares que atuaram na ação, com denúncias na Corregedoria da PM.
Por sua vez, Muribeca anunciou que irá denunciar as supostas irregularidades que encontrou no Sine à Controladoria-Geral da União (CGU) e à Superintendência da Polícia Federal. Segundo Muribeca, as denúncias partiram de uma servidora efetiva da unidade.
Quem, porém, acompanha a política serrana há algum tempo, sabe que não se trata apenas do que acontece ou deixa de acontecer no Sine. Muribeca é pré-candidato a prefeito da Serra no ano que vem. Ontem, inclusive, fez uma grande festa, lotando o Centro Comunitário de Laranjeiras para sua filiação ao Partido Republicanos.
Já Vidigal ainda não admitiu, mas os sinais mostram que estará disputando a reeleição para tentar um quinto mandato. Ele tirou o presidente estadual do PDT, Weverson Meireles, do 1º escalão do governo do Estado para atuar do seu lado na articulação política da Serra. Tem feito movimentos sutis, mas que já apontam que também estará no jogo.
Se o embate entre os dois já foi parar na polícia, um ano antes das eleições, o que estará preparado para o ano que vem? Isso sem contar que embora a briga esteja polarizada e ferrenha entre os dois, há outras peças no tabuleiro, que também estão se mexendo e prometem bagunçar o coreto.
Conforme a coluna De Olho no Poder noticiou com exclusividade, Audifax vai mesmo se filiar ao PP no próximo dia 2. O convite para o evento – que está marcado para acontecer num hotel/churrascaria de Laranjeiras e deve contar com as principais lideranças do Partido Progressista – já está pronto.
Desde que deixou a Rede – no 2º turno da eleição do ano passado –, Audifax estava sem partido, mas conversava fortemente com o PP e com o PL. Embora tenha construído sua carreira política em partidos de esquerda e centro-esquerda, Audifax tomou a decisão de se reposicionar mais à direita, principalmente após perder capital político em seu reduto – eleitores da Serra o deixaram em terceiro lugar na disputa a governador.
De lá pra cá, Audifax tem feito pequenos movimentos como postagens críticas à gestão de Vidigal em suas redes sociais, tem percorrido a cidade e se reunido com lideranças.
Porém, será o ato de filiação, no início do mês que vem, que colocará o ex-prefeito definitivamente no jogo, embora ele ainda não tenha admitido que será candidato a prefeito. Os dirigentes do PP já garantiram a legenda para Audifax disputar. Só depende dele.
Outros nomes devem ocupar espaço nessa corrida rumo ao comando da prefeitura do maior município do Estado. As articulações estão frenéticas e outros lançamentos e alianças estão para acontecer. Mas são os três – Vidigal, Muribeca e Audifax – que devem embolar o jogo quando ele começar pra valer. Ao menos é isso que os três têm feito durante o aquecimento.
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