A psicóloga Gisélia Freitas e o advogado especialista em direito empresarial Lucas Duarte explicam sobre a relação entre a empresa, o funcionário e as redes sociais
É quase que incomum atualmente encontrar alguém que não utilize redes sociais. Mas, ao mesmo tempo em que essas ferramentas podem ser utilizadas para o entretenimento, a difusão de conhecimentos e o fomento de negócios, há também quem utilize esse poder de mídia de forma pouco racional, o que pode causar sérios prejuízos.
No início do mês de maio, o vídeo de um coletor de lixo foi gravado por uma motorista e publicado no TikTok, plataforma em que o vídeo viralizou. O que era para ser um momento de descontração, terminou com a demissão do profissional.
De forma descontraída, o coletor ainda disparou a arma imaginária. A gravação viralizou e, em uma única rede social, acumulou mais de um milhão de visualizações. Contudo, a empresa não gostou da atitude do funcionário que protagonizou o vídeo.
"Eu expliquei para eles que foi só uma brincadeira, que não teve nada demais, que eu estava simulando que estava escoltando um carro-forte, que a gente estava carregando saco de dinheiro, que foi tudo uma brincadeira, que a gente trabalha rindo e brincando. Mas falaram que não tinha como fazer nada e me mandaram embora", contou o coletor de lixo, Vitor Henrique Celestino.
O advogado expôs se a corporação pode ou não demitir o profissional por conta de uma publicação na internet. Ele explicou que este é um ponto bem polêmico. Afinal, como fica a nossa vida particular?
"Desde que não concorra com a possibilidade de algo ilícito. Eu não vejo nenhum tipo de problema, mas a partir do momento que você posta algo que vai em desacordo com as normas da sua empresa, porque eu não sei se as pessoas sabem, mas quando você é contratado, você assina e deve receber um termo de conduta de como você deve respeitar os princípios da empresa. Se entra em conflito, tem que analisar cada caso", informou Duarte.
"O que mais tem causado demissões hoje no meio corporativo, são postagens inadequadas, falas inadequadas, por quê? Porque empresa nenhuma quer ter sua imagem vinculada a um profissional que passa uma ação ou tem uma imagem inadequada no mercado de trabalho. Pode prejudicar a sua identidade", completou.
A psicóloga comentou ainda que as postagens inapropriadas podem prejudicar o candidato antes de um processo seletivo em uma empresa.
Atualmente, as corporações realizam uma avaliação conjunta e veem as postagens como maturidade. "A questão é se é certo, não é certo, é minha vida pessoal, mas elas estão de olho. Tem até contas fakes para vigiar funcionário nas redes sociais", explicou Gisélia.
Antes de publicar uma postagem na internet, pergunte para si mesmo: 'O que quero passar com essa publicação?' 'O que isso pode ter como consequência?'.
"Obviamente que para cada atitude, ela vai ter um grau de peso dentro de uma empresa. Vai depender de que forma você expôs um problema ou trouxe um problema, e esse peso vai ser analisado pela própria empresa", disse.
Em segundo, existem os casos de suspensão nos casos onde a empresa julgue como moderados, para que o contratado possa refletir melhor o que foi realizado e as atitudes tomadas.
Já no comportamento mais grave, pode-se aplicar a demissão por justa causa. São vários elementos que procedem neste resultado. Por fim, existem várias análises que a entidade pode realizar antes de finalmente decidir uma ação a ser tomada.
Lembre-se, publicações inadequadas podem se referir como discursos de ódio, debates políticos e a utilização de informações confidenciais da empresa.
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