Ponte de Kerch é considerada símbolo da anexação da Crimeia, além de ser a única passagem terrestre para territórios ocupados no sul da Ucrânia
Um caminhão explodiu na madrugada deste sábado (8.out.2022) sobre a ponte que liga a Rússia à Crimeia, causando danos graves à estrutura. Essa é a única ligação por terra entre os 2 territórios e o principal acesso de Moscou às regiões capturadas no sul da Ucrânia.
Assista a um vídeo registrado no momento da explosão (1min26s):
De acordo com o Comitê Nacional Antiterrorismo da Rússia, 7 vagões-tanque de um trem que se dirigia para a península pegaram fogo e parte da ponte desmoronou. A passagem fluvial entre o Mar Negro e o Mar de Azov não foi danificada.
Citando informações de investigadores russos, a agência de notícias Reuters informou que 3 pessoas morreram no incidente. Elas estariam em um carro que passava perto do caminhão quando ele explodiu.
A ponte de Kerch tem 19 quilômetros de extensão. Foi construída em 2018, 4 anos depois da anexação da Crimeia pelo governo Putin, e é considerada um símbolo da tomada do território.
A estrutura é um importante acesso à região de Kherson, no sul da Ucrânia, e ao porto de Sebastopol, invadidos pelos russos. O incidente soma-se a uma série de derrotas recentemente sofridas por Moscou.
O Ministério da Defesa da Rússia disse em comunicado que suas forças no sul da Ucrânia podem ser "totalmente abastecidas" por rotas terrestres e marítimas. O Ministério dos Transportes russo afirmou disse que o tráfego ferroviário pela ponte será retomado ainda neste sábado.
Até a publicação deste texto, a responsabilidade pela explosão não é conhecida, apesar de ter sido comemorada por autoridades ucranianas.
O chefe do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, postou no Facebook um vídeo que mostra a ponte em chamas. Ao lado, está um vídeo da atriz Marilyn Monroe cantando "Feliz aniversário, senhor Presidente". Na 6ª feira (7.out), foi o aniversário de 70 anos do presidente russo, Vladimir Putin.
Na opinião da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, a reação de Kiev à destruição de uma infraestrutura civil "testifica sua natureza terrorista".
A península da Crimeia, anteriormente um território autônomo da Ucrânia, foi anexada pelo governo russo em 2014 depois que o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, foi deposto. O Parlamento da Crimeia elegeu Sergey Aksyonov como primeiro-ministro da região.
Em março do mesmo ano, o parlamento organizou um referendo no qual os cidadãos decidiram a favor da anexação da península à Rússia. A Ucrânia e países como Estados Unidos e Reino Unido consideraram a consulta popular ilegal.
A península é disputada por ser considerada uma importante região estratégica devido à sua posição geográfica. Desde antes da invasão da Ucrânia começar, em fevereiro deste ano, a infraestrutura já era a principal forma do Kremlin abastecer tropas russas na Crimeia e em todo o sul da Ucrânia.